Autor(es):
Pinheiro, Sandra
; Rodrigues, Lenia
; Costa, Ana R
; Antunes, Célia M
; Silva, Fernando C
; Lamy, Elsa
Data: 2013
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10174/9834
Origem: Repositório Científico da Universidade de Évora
Assunto(s): gostos doce e amargo; dieta hiperlipídica
Descrição
A obesidade é actualmente considerada uma epidemia estando associada a uma predisposição
genética do indivíduo e a um consumo energético desadequado O consumo de alimentos ricos em
gordura é um dos factores que contribui para o ganho de peso e obesidade. O gosto é um factor
determinante na escolha de alimentos e variações individuais na sensibilidade gustativa podem
condicionar os hábitos alimentares.
O presente trabalho teve como objectivo avaliar potenciais alterações na sensibilidade para os gostos
doce e amargo resultantes de um ganho de peso induzido pelo consumo prolongado de uma dieta
rica em gordura. Um grupo de ratos Wistar fêmeas mantido numa dieta standard (N=5) e um grupo de
animais da mesma estirpe (N=5) com ganho de peso induzido pelo consumo de uma dieta rica em
gordura (14% gordura total), durante 12 semanas, foram submetidos a testes de microestrutura de
ingestão de líquidos. Os ensaios consistiram na testagem de duas soluções de diferentes
concentrações de sacarose (0,3 e 0,1M), para o gosto doce, e duas soluções de diferentes
concentrações de quinino (0,1 e 1 mM), para o gosto amargo. Antes de cada ensaio os animais foram
submetidos a um jejum hídrico de 16 horas, sendo posteriormente colocados em gaiolas individuais
equipadas com um sensor ligado a um computador. Foram feitos os registos das lambidelas, com
uma sensibilidade de 20 mili-segundos. Os níveis plasmáticos de insulina e leptina foram avaliados
por ELISA. Não se observaram diferenças significativas nos níveis destas hormonas entre os dois
grupos testados, apesar dos pesos significativamente mais elevados dos animais sujeitos a dieta rica
em gordura. Foram observados aumentos no tamanho dos intervalos de ingestão (nº de
lambidelas/cluster), para a solução doce mais concentrada, nos animais tratados com dieta rica em
gordura. Essas diferenças apenas se observaram no primeiro minuto de ensaio, sugerindo que as
diferenças se devem a alterações de sensibilidade gustativa e não a factores pós-ingestivos. Estes
resultados sugerem que indivíduos com aumentos de peso induzidos pelo consumo prolongado de
níveis elevados de gordura poderão ter alterações na percepção do gosto doce.