Autor(es):
Badalo, Carlos 
; César, Margarida
Data: 2011
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10451/6344
Origem: Repositório da Universidade de Lisboa
Assunto(s): Educação de adultos; Ensino recorrente; SEUC; Estudos de caso
Descrição
As transições políticas, económicas e sociais que Portugal vivenciou nas últimas décadas têm configurado as decisões educativas que foram sendo assumidas pelos órgãos governativos e que (re)equacionaram o papel desempenhado pelos docentes e pelos estudantes em espaço pedagógico. Os elevados níveis de insucesso académico que se observam no ensino recorrente (Lima, 1994) exigem uma reflexão cuidada em torno das práticas pedagógicas adoptadas, bem como um ajustamento destas às necessidades educativas dos estudantes.
A legislação nacional e internacional (ME, 1991; UNESCO, 1997) sugere que os estudantes tenham uma participação activa nas opções pedagógicas, bem como na (re)definição do percurso académico. Os professores nem sempre se encontram disponíveis para discutir/negociar as práticas pedagógicas a adoptar ao longo do ano lectivo (Badalo & César, in press), o que sugere a desvalorização da autonomia do estudante e uma postura individualista do docente.
Este estudo é parte de uma investigação mais abrangente, realizada no âmbito do projecto Interacção e Conhecimento, em que procurámos dar voz aos estudantes, recolhendo testemunhos/reflexões acerca das práticas pedagógicas adoptadas pelos docentes. Assumindo uma abordagem interpretativa, de inspiração etnográfica, realizámos dois estudos de caso, a dois alunos do Sistema de Ensino por Unidades Capitalizáveis (SEUC). Os instrumentos de recolha de dados foram tarefas de inspiração projectiva, entrevista, questionários e conversas informais.
Os resultados iluminam estudantes críticos e atentos às práticas pedagógicas implementadas. Os participantes afirmam que o docente deve ser mais do que um explicador de conteúdos programáticos. Sendo as práticas pedagógicas configuradas pelo modo como os docentes perspectivam a educação de adultos, realçam a necessidade de um maior investimento na formação de professores. Do mesmo modo, sublinham que a relação pedagógica que se estabelece com o docente influencia o bem-estar, a assiduidade e a motivação dos estudantes na conclusão do ensino secundário.
