Author(s):
Reis, Pedro
; Galvão, Cecília
Date: 2008
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10451/4728
Origin: Repositório da Universidade de Lisboa
Subject(s): Questões sócio-científicas; Natureza da ciência; Concepções dos professores; Práticas de sala de aula
Description
Vários educadores em ciência defendem a inclusão da discussão
de questões sociocientíficas controversas nos currículos de ciências em
resultado das suas potencialidades tanto na aprendizagem dos conteúdos, dos
processos e da natureza da ciência e da tecnologia, como no desenvolvimento
cognitivo, social, político, moral e ético dos alunos (Levinson, 2006; Millar,
1997; Nelkin, 1992; Reis, 1997; Sadler, 2004; Zeidler e Lewis, 2003).
Contudo, apesar de todas as evidências empíricas relativamente ao seu
potencial educacional, as actividades de discussão de questões sociocientíficas
controversas não são realizadas em muitas aulas de ciências, mesmo quando
integram as orientações curriculares e os professores consideram importante a
sua realização.
Esta investigação de índole qualitativa, baseada em estudos de caso,
pretendeu estudar os factores que influenciam a realização de actividades de
discussão de questões sociocientíficas controversas. Através da análise de
dados provenientes de entrevistas e da observação de sequências de aulas
procurou-se compreender os factores que motivam os professores a realizarem
este tipo de actividade nas suas aulas.
Os dois estudos de caso revelam que as controvérsias actuais nas áreas da
biotecnologia, da genética molecular e das ciências médicas parecem ter tido
impacto nas concepções das professoras reforçando, nomeadamente, a
concepção de ciência como empreendimento dinâmico, em constante evolução
e controverso, com interacções múltiplas com a tecnologia e a sociedade.
Contudo, verifica-se que as ideias destas professoras acerca do
empreendimento científico e da educação científica nem sempre se reflectem
na sua prática de sala de aula. Diversos factores inerentes aos professores, aos
alunos e ao sistema educativo parecem afectar a coerência entre as
concepções e as práticas. Assim, a realização de actividades de discussão de
questões sociocientíficas controversas depende, decisivamente, das convicções
das professoras acerca da relevância educacional destas actividades e dos
conhecimentos necessários à sua implementação em sala de aula.