Autor(es):
Santos, Andrea
; Rodrigues, João Carlos
; Correia, Cristina Belo
; Saraiva, Margarida
; Oleastro, Mónica
Data: 2013
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.18/1821
Origem: Repositório Científico do Instituto Nacional de Saúde
Assunto(s): Campylobacter; Alimentos; Resistências aos Antimicrobianos; Infecções Gastrointestinais
Descrição
Enquadramento: A campilobacteriose é considerada a principal causa de gastroenterite aguda de origem bacteriana em seres humanos, nos países desenvolvidos. Esta infeção está associada principalmente ao consumo e à contaminação cruzada de alimentos, sendo as aves o principal reservatório do agente patogénico. A utilização indiscriminada de antibióticos na produção animal e para fins veterinários, tem contribuído para o aumento do número de estirpes de Campylobacter resistentes aos antimicrobianos, e consequentemente, para o aumento do número de isolados humanos multirresistentes, motivando o estudo e a crescente preocupação das autoridades de saúde, por toda a Europa.
Objetivo: Monitorizar a resistência aos antimicrobianos e avaliar a diversidade genética de estirpes de Campylobacter spp., isoladas em géneros alimentícios de produção nacional.
Materiais e Métodos: Foram estudadas 29 estirpes de Campylobacter spp. isoladas em: carcaças, carne fresca e preparados de carne para serem consumidos cozinhados, provenientes de aves, suínos e bovinos. A espécie foi determinada por PCR em Tempo-Real com sondas de hibridação, a diversidade genótipica, por Multilocus sequence typing, e a resistência aos antimicrobianos, por difusão em disco.
Resultados: Foram identificadas 24 estirpes da espécie Campylobacter coli (C. coli) e 5 da espécie C. jejuni. A genotipagem permitiu verificar que as estirpes de C. coli são geneticamente mais conservadas, identificando-se um complexo clonal predominante (CC-828), contrariamente ao observado para as estirpes de C. jejuni, todas de complexos clonais distintos. Foi observada uma elevada taxa de resistência aos antimicrobianos: 93.1% à ciprofloxacina, 82.8% à tetraciclina e 34.5% à eritromicina; sendo que 31% das estirpes apresentaram resistência aos três antibióticos testados.
Conclusões: No âmbito deste estudo sublinhamos a presença de Campylobacter spp. multirresistente a antimicrobianos utilizados na terapêutica humana, em géneros alimentícios de origem animal. Reforçamos assim, a necessidade de implementar uma vigilância epidemiológica integrada da campilobacteriose em Portugal, envolvendo as vertentes humana, veterinária e alimentar.