Author(s):
Oliveira, Yolanda Albuquerque
Date: 2008
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10400.6/834
Origin: Ubi Thesis - Conhecimento Online
Subject(s): Fibrose quística; Fibrose quística - Genes modificados; Fibrose quística - Terapêutica genética; Transplante pulmonar; Fisiopatologia - Pulmão; Proteína CFTR
Description
A fibrose quística (FQ) é uma doença hereditária complexa, envolvendo
diversos sistemas orgânicos. A sua base etiológica assenta numa mutação do gene da
proteína Cystic Fibrosis Transmembrane Regulator (CFTR), levando a alterações no
transporte iónico, nomeadamente, a secreção de cloreto. A falência de secreção deste
ião pelas membranas epiteliais conduz a uma produção de secreções viscosas nos
órgãos afectados, sendo estes principalmente o pulmão e o pâncreas. As secreções
tornam-se difíceis de expulsar levando, a nível pulmonar, a obstrução das glândulas da
submucosa com retenção de agentes microbianos e anti-inflamatórios no muco,
resultando deste modo a atrasos na resposta imunitária e a oportunidade de formação
de biofilmes. Ao longo da vida do doente, são frequentes infecções respiratórias de
repetição com eventual insuficiência respiratória e morte. A nível pancreático, a
obstrução dos ductos resulta em insuficiência exócrina levando assim a má-absorção
intestinal e malnutrição. É frequente também a insuficiência endócrina nestes doentes,
sendo a diabetes mellitus uma das complicações mais importantes da FQ. Contudo, a
FQ é uma doença multissistémica, afectando simultaneamente o intestino, o fígado, o
sistema reprodutor e o estado nutricional. As complicações inerentes a esta patologia
são, não só devidas ao defeito genético, como também são consequência do estado
inflamatório cronicamente presente nestes doentes. O diagnóstico da FQ é
frequentemente conseguido através da genotipagem do ADN, procurando a mutação
em causa, e o teste de suor, onde são medidos os níveis de cloreto presentes no suor
do indivíduo. No entanto, o diagnóstico pode complicar-se, devido à existência cada
vez maior de fenótipos variados, sendo estes consequentes de genes modificadores e
factores externos, tais como o ambiente, o estatuto socioeconómico e a exposição a
substâncias patogénicas. Os pilares da terapêutica assentam na manutenção de um bom estado nutricional, na clearance das secreções das vias aéreas e no tratamento
das infecções pulmonares. É necessário, contudo, ter em atenção a prevenção e o
tratamento das complicações clínicas da FQ, que se tornaram mais frequentes com o
aumento da esperança média de vida. Actualmente encontram-se em estudo outras
terapêuticas como, por exemplo, a terapêutica genética e a farmacoterapia da CFTR.
Embora estes novos métodos se encontrem em investigação, existe a esperança de
que poderão proporcionar tratamentos mais adequados a estes doentes, prolongando
os seus anos com qualidade de vida e, potencialmente, fornecer uma cura sem
necessidade de recorrer ao transplante pulmonar.