Autor(es):
Maciel, Manuel Justino
Data: 2007
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10362/8152
Origem: Repositório Institucional da UNL
Descrição
A longínqua Antigüidade não se encontra distante hoje apenas pelo
rodar dos séculos. Vêmo-la, talvez, e cada vez mais, desfasada do nosso tempo
pelo alheamento a que progressivamente fica votada pelo desconhecimento
das línguas e dos saberes clássicos. Gera-se um círculo vicioso que agrava
continuamente a ignorância das nossas origens culturais: se não se estudam
as línguas grega e latina, também não haverá quem as ensine e, se elas não
são conhecidas, não poderá haver investigação profunda sobre a cultura
clássica e sobre a História da Ciência na Antigüidade.
Daí que, cada vez mais, nos espante o alto grau de conhecimentos que
se afingiu na época greco-romana, não apenas num ou noutro aspecto gnoseolôgico
mas, em geral, em todos os domínios da ciência, no sentido
tradicional de especialização nos vários saberes e, como é próprio da
evolução das coisas, numa propedêutica que marcou toda a civilização dita
ocidental até à era do positivismo e, ultrapassado este, até à noção actual de
conhecimento científico.
Vitrúvio, no seu tratado De Architectura, consubstancia-se como uma
das fontes mais importantes para a nossa abordagem da epistemologia do
conhecimento científico na Anfiguidade. Esta obra em dez livros, escrita nos
finais do terceiro quartel do séc. I a. C. por um engenheiro militar de Júlio
César, divide-se em três partes; Edificação, Gnomônica e Mecânica. Só a
primeira diz respeito directamente à arquitectura, sendo a mais desenvolvida
ao longo de oito livros.