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Para uma análise da escola nova de Faria de Vasconcelos (1880-1939)

Autor(es): Meireles-Coelho, Carlos cv logo 1 ; Rodrigues, Abel Martins cv logo 2

Data: 2006

Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10773/6741

Origem: RIA - Repositório Institucional da Universidade de Aveiro

Assunto(s): aprendizagem inclusiva e individualizada; autonomia; responsabilidade


Descrição
Pretende-se comparar a descrição feita por Faria de Vasconcelos no seu livro «Une école nou-velle en Belgique» com a definição dos princípios de escola nova feita por A. Ferrière no prefácio dessa obra. Faria de Vasconcelos fundou em 1912 na Bélgica a escola nova de Bierges-Lez-Wavre, mas, com a invasão da Bélgica pela Alemanha no eclodir da primeira guerra mundial, seguiu para a Suíça, onde se juntou a A. Ferrière (1879-1960), E. Claparède (1873-1940) e P. Bovet (1878-1960), no Instituto Jean-Jacques Rousseau, actual Faculdade de Psicologia e Ciências da Edu-cação da Universidade de Genebra, e maior centro europeu de investigação em pedagogia e ciências da educação da Europa desse tempo. A experiência pedagógica iniciada por Faria de Vasconcelos foi dada a conhecer em Genebra, dando origem a «Une école nouvelle en Belgi-que», e A. Ferrière, no prefácio, considerou, em comparação com outras escolas novas, que a escola criada por Faria de Vasconcelos era a que realizava um maior número de princípios característicos deste movimento. Comparar o ideal descrito de escola nova e a prática educativa conseguida é um desafio estimu-lante para a melhor compreensão da época e das repercussões que se prolongam ainda até nós: - uma escola situada no campo, em plena natureza mas próxima da cidade; - em casas separadas com 10 a 15 alunos, em coeducação de sexos e em regime de internato próximo da estrutura familiar com uma figura masculina e outra feminina de educadores; - um modelo pedagógico que valoriza os trabalhos manuais, a cultura física e a formação prática e experimental, a par da educação intelectual e científica em que a teoria segue sempre a práti-ca (e não o contrário), a partir dos interesses e trabalho individual de cada aluno, completado pelo trabalho de grupo, por viagens e acampamentos; - um ensino centrado no aluno e baseado em factos e experiências; - o desenvolvimento de uma cultura geral completada por uma especialização primeiro espontâ-nea e depois sistemática; - uma educação moral, pessoal e social não imposta de fora para dentro, mas construída de dentro para fora pela experiência reflectida em sentido crítico e no exercício da liberdade; - uma educação que valoriza o progresso individual, em que cada um compara os seus trabalhos presentes com os seus próprios trabalhos do passado e não tanto com os trabalhos dos compa-nheiros; - uma educação para a autonomia em que os alunos aprendem a fazer, nomeadamente as suas próprias refeições; - uma escola que desenvolve a entreajuda efectiva e a democracia participativa; - uma educação artística libertadora, purificadora e criativa que desenvolva as emoções mais nobres; - uma escola que é um laboratório de pedagogia prática, alicerçada na investigação científica e no desenvolvimento da vida espiritual e material. Não obstante tratar-se de um pedagogo com dimensão internacional, deve salientar-se que os estudos existentes sobre Faria de Vasconcelos são escassos. Apesar deste autor ser um vulto insigne das ciências humanas, o seu nome ainda é pouco conhecido.
Tipo de Documento Documento de conferência
Idioma Português
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