Author(s):
Pacheco, Maria Teresa dos Santos
Date: 2007
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10773/1300
Origin: RIA - Repositório Institucional da Universidade de Aveiro
Subject(s): Ensino das ciências; Ensino da física; Formação de professores; Manuais escolares; Laboratórios
Description
As políticas educativas actuais para o 3º ciclo do Ensino Básico (EB) em
Portugal e a investigação em Educação em Ciências valorizam, e defendem, a
integração do Trabalho Laboratorial (TL) no Ensino das Ciências em geral e da
Física em particular. A implementação do TL deverá contribuir para o
desenvolvimento de competências transversais e específicas nos e com os
alunos.
O principal objectivo desta investigação foi caracterizar as actividades
laboratoriais propostas em Manuais Escolares (ME’s) e Cadernos de
Actividades (CA) de Ciências Físico-Químicas, na componente de Física, do 3º
ciclo do EB.
No sentido de enquadrar e fundamentar o estudo, assim como orientar a sua
vertente empírica, foi sendo construído um referencial teórico a partir da
literatura existente sobre Ensino das Ciências, TL e relevância didáctica de
ME’s. Para além dessa fonte, foram integradas outras, do domínio do discurso
político e normativo, relativas ao Ensino Básico, Ensino das Ciências Físicas e
Naturais e ME’s.
O estudo empírico envolveu, num primeiro momento, a análise das Actividades
Laboratoriais (AL´s) propostas nos três ME’s e CA mais adoptados no Distrito
de Aveiro, no ano lectivo de 2006/07, para o 7º, 8º e 9º ano de escolaridade,
perfazendo um total de 18. Nesta análise utilizaram-se grelhas, adaptadas de
outros estudos, que permitiram fazer a caracterização das propostas de AL´s
quanto à tipologia e grau de abertura. Deste estudo constatou-se que as AL´s
analisadas:
· são valorizadas, atendendo ao número de propostas existentes;
· não são diversificadas, predominando as do tipo de “reforço de
conhecimento conceptual” e de “construção de materiais”;
· são genericamente fechadas;
· afastam-se das actuais perspectivas defendidas pelos investigadores
em Ensino das Ciências e dos princípios preconizados nas
Orientações Curriculares actuais, nomeadamente por não serem
dirigidas ao desenvolvimento de competências nos e com os alunos.
Sendo os ME’s um dos recursos privilegiados pelos professores, as propostas
neles apresentadas fazem-se reflectir frequentemente nas suas práticas de
ensino. Os resultados atrás mencionados corroboram a necessidade, referida
em diversos estudos, de os professores adoptarem uma atitude crítica face
aos ME’s existentes, atitude essa que pode/deve ser trabalhada com os
mesmos ao nível da formação, nomeadamente da formação contínua.
Assim, optou-se pela realização de um outro estudo empírico, se bem que de
natureza muito exploratória, que envolveu os Centros de Formação Contínua
de Professores do Distrito de Aveiro. Após um primeiro contacto, para
preenchimento de uma ficha informativa, foram entrevistados três Directores
desses Centros no sentido de se averiguar a importância atribuída na
formação proposta à problemática dos ME’s. A análise dos dados emergentes
deste estudo exploratório permite afirmar que, segundo os inquiridos não
existem iniciativas de formação versando a temática dos ME’s e que esse facto
é devido (a1) à falta de propostas dos órgãos pedagógicos das Escolas e dos
professores nesse sentido e (a2) ao facto de o Ministério da Educação não
considerar esta temática relevante ao nível da formação contínua de
professores.
Embora a adopção de ME’s seja da responsabilidade dos professores,
aprender a escolhê-los e a usá-los, de um modo crítico, não parece estar nos
horizontes próximos da formação contínua de professores, pelo menos se
atendermos ao resultados do nosso estudo exploratório.
Parece-nos, assim, indispensável que se que se proporcione formação aos
professores uma vez que estes devem reflectir e tomar decisões acerca da
adopção e da utilização do ME. Conjugando esta necessidade com os
resultados do estudo sobre a caracterização das propostas de TL presentes
em ME’s, parece-nos importante reflectir nessa formação, se dirigida a
professores de ciências, sobre:
· as (in)compatibilidades das proposta de actividades laboratoriais com
as orientações actuais para o ensino das ciências;
· formas de transformar as actividades laboratoriais em propostas
didácticas mais relevantes.
Para que os ME’s contemplem as finalidades actuais do Ensino das Ciências
parece-nos, também, necessário (re)pensar as políticas de concepção,
produção e avaliação dos mesmos no sentido de melhorar a sua qualidade.
ABSTRACT: Current educational policies in Portugal and current research in Educational
Sciences seem to advocate and value the integration of Laboratorial Work in
Science and Physics Education, in middle school curricula. Implementation of
Lab Work should contribute to the development of transversal and specific
competencies in and with the students.
The main objective of our research was the characterization of proposed
laboratorial activities in school books and activity notebooks, for Physics and
Chemistry Sciences, specifically covering Physics, for the 7th, 8th and 9th
educational levels.
Existing bibliography on Science Teaching, lab work and didactic relevance of
school books was analysed in order to build a theoretical framework on which
to base our research. Other political and normative sources, related to Middle
Level School, Physics and Natural Sciences Teaching and School Books were
also used.
Our empirical study started with the analysis of laboratorial activities proposed
in the three most used books and activity notebooks, for the 7th, 8th and 9th
levels, on the 2006/07 school year, in the Aveiro district, totalling 18 books and
activity notebooks. The analysis was done with grids, adapted from similar
studies, allowing the characterization of the proposed laboratorial activities
regarding type and openness degree. From the study, several conclusions
regarding laboratorial activities can be drawn:
· activities are seen as valued resources, if we consider the number of
existing proposals;
· they are not much diversified, the predominant types being “conceptual
knowledge reinforcement” and “materials construction”;
· in general, they are closed;
· they do not follow the current views of Science Teaching researchers
nor the current curricula development guidelines, since they are not
meant to develop competences in the students or with them.
With school books being one of the most widely used resources by teachers,
the proposals they include influence, quite frequently, their teaching habits. Our
conclusions are in agreement with other studies, that have stated that teachers
need to have a critical approach regarding existing books. This critical
approach can/should be emphasized during teacher’s education, namely during
teacher’s continued education and training.
Even with the choice of school books being a teacher’s responsibility,
educating teachers to choose and use books in a critical manner, does not
seem something likely to be included in continued teacher’s education curricula
in a near future. To us, training teachers in these areas seems indispensable, if
it is intended that teachers continue to take decisions on the choice and use of
books. If we couple this need with the results of our study regarding lab work
proposals, the curricula for science teacher’s continued education should
address:
· (in)compatibility between proposals for laboratorial activities and the
current orientations in science teaching;
· ways to change lab activities into didactically more relevant proposals.
Current policies regarding the conception, production and evaluation of school
books need to be rethinked, if these books are to better reflect the current goals
of Science Teaching. Mestrado em Ensino de Física e Química