Autor(es):
Marques, Fernanda Cristina Gomes de Sousa
Data: 2008
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/1822/8942
Origem: RepositóriUM - Universidade do Minho
Descrição
Tese de Doutoramento Ciências da Saúde - Ciências Biológicas e Biomédicas Particular interest has been raised in the last few years, regarding the contribution of the immune
system in neurological and psychiatric diseases. It is recognized that an inflammatory component
underlies disorders such as Alzheimer’s disease and multiple sclerosis. However, whether these
are a consequence, a cause, or just a trigger of disease progression remains to be clarified. In
this context, understanding how peripheral inflammatory stimulus reach the brain may contribute
to better understand the mechanisms involved in such conditions. Most studies on the
communication between the periphery and the central nervous system (CNS) focus on the bloodbrain
barrier, which is composed by the endothelial cells of the brain capillaries. However, the
blood-cerebrospinal fluid barrier (BCSFB) may as well convey signals from the periphery into the
CSF and backwards. The BCSFB is formed by the choroid plexus (CP) epithelial cells. Given its
role as the major producer of the CSF, and the presence of several receptors and transporters
both in the apical and in the basolateral membranes, the CP is ideally positioned to transmit
signals between the immune and the CNS.
In the present study we address the CP response to inflammatory stimuli induced in the
periphery. We show that the CP displays a specific, rapid and transient response to an acute
inflammatory stimulus induced by the intraperitoneal administration of the Gram negative
bacteria cell wall lipopolysaccharide (LPS). As soon as 1h after the injection, the CP responds by
altering the expression of several genes. This response reaches a maximum at 3h, in which the
level of 324 (out of 24 000 studied) transcripts are altered, and returns to the basal profile for
most of the transcripts at 72h. Most of the up-regulated genes belong to immune-mediated
cascades while those down-regulated encode for proteins involved in the maintenance of the CP
barrier function.
When LPS is administered repetitively every 2 weeks for 3 months, the CP response persists for
longer periods but is attenuated. The biological pathway with higher up-regulation includes genes
encoding for proteins that facilitate cells entry into the CSF, which may be particularly relevant in
diseases such as multiple sclerosis.
Of notice, in both conditions of acute and sustained inflammatory response, we observed altered
expression of genes that participate in the innate immune response to infection by
microorganisms, and that are related to iron homeostasis. In both conditions, the CP responds by decreasing iron availability for bacterial growth. Specifically, lipocalin 2, a sequester for
bacteria iron-loaded siderophores is rapidly secreted into the CSF, persisting in the sustained
inflammatory conditions. In addition, the CP is here suggested to play an identical role of that
played by the liver, in regulating iron uptake and release, through the synthesis and secretion of
hepcidin. Of interest, iron deregulation has been implicated in neurodegenerative diseases
including Alzheimer’s disease and multiple sclerosis.
Taken together, the data presented here highlights the role of the CP in mediating immune
signals into the brain. How, this ultimately corresponds to neuroprotective or deleterious
consequences for the brain and how this may relate to diseases of the CNS needs to be further
investigated. Nos últimos anos tem aumentado o interesse no estudo da participação do sistema imunológico
em doenças neurológicas e psiquiátricas. A inflamação é hoje aceite com estando presente em
doenças como a de Alzheimer e a esclerose múltipla. No entanto, ainda está por esclarecer se
esta é uma causa, consequência ou estímulo de progressão e agravamento da doença. Neste
contexto, a compreensão do modo como estímulos inflamatórios periféricos influenciam o
cérebro pode contribuir para a compreensão dos mecanismos envolvidos nestas doenças. A
maioria dos estudos sobre a comunicação entre a periferia e o sistema nervoso central têm
incidido na barreira hemato-encefálica, que é constituída pelas células endoteliais dos capilares
sanguíneos. No entanto, a barreira sangue-líquido céfalo-raquidiano (BCSFB) pode, igualmente,
participar na transmissão de sinais entre a periferia e o CSF. A BCSFB é formada pelas células
epiteliais dos plexus coroideus (CP). Tendo como função principal a produção de CSF, e uma vez
que possuem vários receptores e transportadores, tanto na membrana apical como na
basolateral, os CP estão idealmente posicionados para facilitar a interacção entre os sistemas
imunológico e nervoso central.
O trabalho desenvolvido nesta tese avalia a resposta dos CP a estímulos inflamatórios periféricos
induzido pela administração intraperitoneal do lipopolissacarídeo (LPS) da parede de bactérias
de Gram negativo. Quando este estímulo é agudo, observa-se uma resposta específica, rápida e
transitória nos níveis de expressão de vários genes. Esta resposta é evidente 1h após a injecção,
atinge um máximo às 3h, com a expressão diferencial de 324 (num total de 24 000 estudados)
transcritos, e volta ao estado basal para a maioria dos transcritos ao fim de 72h. De entre os
genes cuja expressão se encontra alterada os que têm expressão mais aumentada codificam
moléculas envolvidas em cascatas imunológicas, enquanto que aqueles com expressão mais
diminuída incluem genes que codificam proteínas que participam na manutenção da função de
barreira do CP.
Quando o LPS é administrado a cada 2 semanas durante 3 meses, a resposta dos CP persiste
mais tempo e é de pequena amplitude. A via metabólica com maior aumento na expressão inclui
genes que codificam proteínas que facilitam a migração de células para o CSF, o que pode ser
relevante em doenças como a esclerose múltipla.
De realçar, tanto na resposta inflamatória aguda como na continuada, observa-se expressão alterada de genes que participam na resposta imunológica inata à infecção por
microorganismos, e que estão relacionados com o metabolismo do ferro. Em ambos os casos, o
CP responde diminuindo a disponibilidade de ferro necessário para o crescimento bacteriano.
Especificamente, a lipocalina 2, uma proteína que sequestra sideroforos bacterianos que ligam
ferro, é rapidamente segregada para o CSF; uma resposta que persiste na inflamação
continuada. Para além disso os resultados obtidos sugerem que o CP desempenha uma função
idêntica à do fígado na regulação da captação e libertação de ferro, através da regulação da
síntese e segregação de hepcidina. É de notar que alterações no metabolismo do ferro têm sido
implicadas em doenças neurodegenerativas como a doença de Alzheimer e a esclerose múltipla.
No seu conjunto, os resultados desta tese apontam para uma função clara do CP na transmissão da resposta inflamatória periférica para o cérebro. Se a consequência final desta resposta é benéfica ou deletéria para o cérebro, ou se contribui para doenças do sistema nervoso central fica ainda por esclarecer.