Autor(es):
Baptista, Maria João Ribeiro Leite
Data: 2008
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/1822/7706
Origem: RepositóriUM - Universidade do Minho
Descrição
Tese de Doutoramento Ciências da Saúde – Ciências Biológicas e Biomédicas Congenital diaphragmatic hernia (CDH) is a congenital condition with variable illness
severity that usually requires complex and multidisciplinary care. The physiologic
consequences of this defect may be mild and minimally symptomatic at birth, but
almost half of CDH infants present with severe forms of the disease, with poor
outcome and extremely high mortality, despite aggressive treatment even in
experienced teams with sophisticated management protocols. Morbidity and mortality
associated with CDH is largely dependent of lung hypoplasia and pulmonary
hypertension (PH). Most severe CDH newborns clinically resemble infants in terminal
heart failure, even in the absence of cardiac malformation. During the last decade
several authors suggested the existence of heart hypoplasia and immaturity in CDH,
as occurs in lung. From our initial works we defined that heart hypoplasia in the
experimental rat model of CDH was related with nitrofen and occurs only in early
phases of gestation. In addition, in that model, prenatal treatment with vitamin A
partially prevents the diaphragmatic defect and lung hypoplasia but only interfere with
the molecular effect of nitrofen in lung hypoplasia. The absence of heart hypoplasia
did not preclude the existence of some degree of molecular heart immatury that
hampers heart function in pressure overload conditions. We exhaustively
investigated throughout gestation several molecular parameters of heart
development and we didn’t find any molecular signs of myocardium immaturity in this
experimental model of CDH, since the molecular parameters were similar in all
studied groups (control, nitrofen and CDH groups). With these results, we exclude
the hypothesis that heart hypoplasia or immature could be the missing link in CDH
responsible for greater mortality. We hypothesize that heart failure in CDH infants
might be caused essentially by cardiac overload secondary to severe PH. In the
experimental model of nitrofen induced CDH we demonstrated genetic molecular
expression of the cardiac overload markers B type natriuretic peptide, endothelin-1 and angiotensinogen throughout gestation and after birth. We found that although
during gestation the cardiac expression of those markers was similar in CDH and
control fetuses, after birth there are a significant increase in the expression of all
studied markers in right ventricle (RV) in CDH group. Simultaneously, in a clinical
study we demonstrated that CDH Human infants present echocardiographic
evidence of heart function adaptation, systolic and diastolic, in both ventricles. The
heart dysfunction was also demonstrated by the increase in plasmatic N-terminalpro-
B type natriuretic peptide (NT-proBNP) level, an overload biochemical marker.
Moreover, plasmatic levels of NT-proBNP had an excellent correlation with PH and
seem to have prognostic value in CDH. Taking into account all these findings, we
suggest a protocol to evaluate PH and heart function in CDH infants, based in
echocardiographic and serical parameters. This protocol would be useful to establish
prognosis, follow-up of the clinical evolution, support the decision to pulmonary
vasodilators therapy, and will help in the decision of the moment to surgical repair of
CDH infants. A Hérnia Diafragmática Congénita (HDC) é uma perturbação do desenvolvimento
embrionário que pode afectar diferentes órgãos para além do diafragma e do
pulmão, como o coração ou o rim, exigindo uma abordagem complexa e
multidisciplinar. As consequências fisiológicas da doença podem ser variáveis,
existindo formas muito leves e minimamente sintomáticas até quadros clínicos em
que se associam múltiplas malformações incompatíveis com a vida. No entanto,
cerca de metade dos recém-nascidos (RN) afectados apresentam-se com formas
caracterizadas por hipoplasia pulmonar grave, com prognóstico reservado e
mortalidade inaceitavelmente elevada, apesar da disponibilização de abordagens
terapêuticas agressivas e sofisticadas, mesmo em centros de referência.
Actualmente, considera-se que a morbilidade e a mortalidade associadas à HDC
estão dependentes da gravidade da hipoplasia pulmonar e da hipertensão pulmonar
(HTP) existentes. No entanto, a evolução dos RN afectados caracteriza-se por uma
grande imprevisibilidade, com agravamentos clínicos sustentados que muitas vezes
não respondem à terapêutica instituída. Da experiência acumulada no tratamento
destes RN apercebemo-nos de que os doentes mais gravemente afectados
apresentam uma instabilidade ventilatória e hemodinâmica semelhante à da
insuficiência cardíaca terminal, mesmo na ausência de doença cardíaca estrutural.
Durante a última década tem sido sugerida a existência de hipoplasia e/ou
imaturidade cardíaca nestes doentes. Os estudos desenvolvidos pelo nosso grupo
demonstraram que no modelo da HDC induzida experimentalmente pelo nitrofeno
verifica-se hipoplasia cardíaca apenas causada pelo nitrofeno e em fases precoces
do desenvolvimento fetal. Neste modelo demonstramos que o tratamento prenatal
com vitamina A previne parcialmente a ocorrência de defeito diafragmático e
melhora o crescimento pulmonar, interferindo apenas nos mecanismos moleculares
relacionados com o nitrofeno. A inexistência de hipoplasia cardíaca no termo da
gestação, não excluía algum grau de imaturidade que eventualmente comprometesse a função cardíaca em situações de sobrecarga ventricular de
pressão. Assim, realizámos um estudo exaustivo para avaliar a expressão de
diversos parâmetros moleculares de desenvolvimento cardíaco, ao longo da
gestação, e não encontrámos qualquer evidência molecular de imaturidade
miocárdica, pelo que excluímos a hipótese de existir hipoplasia ou imaturidade
cardíaca que contribuísse para a elevada mortalidade destes doentes, valorizando a
importância da sobrecarga de pressão causada pela HTP na função ventricular. No
modelo experimental da HDC, demonstrámos que a expressão génica de
marcadores de sobrecarga ventricular (peptídeo natriurético do tipo B, endotelina 1 e
angiotensinogénio) não sofria qualquer alteração durante a gestação, registando-se
um significativo aumento da sua expressão ventricular direita após o nascimento no
grupo HDC. Simultaneamente, num estudo clínico efectuado demonstrámos que RN
Humanos com HDC apresentam evidência ecocardiográfica de adaptação da função
cardíaca, sistólica e diastólica, em ambos os ventrículos. Esta disfunção foi também
demonstrada pelo aumento do fragmento N terminal do peptideo natriurético tipo B
(NT-proBNP), um marcador bioquímico de sobrecarga ventricular. Os níveis
plasmáticos de NT-proBNP apresentam uma excelente correlação com a HTP e
parecem ter interesse prognóstico nos RN com HDC. Com base no trabalho
desenvolvido propomos um protocolo de avaliação da HTP e da função cardíaca
baseado em parâmetros ecocardiográficos e bioquímicos que possam monitorizar a
evolução clínica, fundamentar a decisão de inicio de terapêutica vasodilatadora
pulmonar, decidir o momento ideal para a cirurgia de reparação bem como
estabelecer o prognóstico dos RN com HDC.