Author(s):
Cabrita, José
; Ferreira, Humberto
; Iglésias, Paula
; Baptista, Telmo
; Rocha, Evangelista
; Silva, Adelina Lopes da
; Miguel, José Pereira
Date: 2001
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10451/4922
Origin: Repositório da Universidade de Lisboa
Subject(s): Consumo de Medicamentos; Estudantes Universitários; Universidade de Lisboa
Description
A caracterização do padrão de consumo de medicamentos nos estudantes universitários contribui não só para um melhor conhecimento sobre a sua saúde, mas também para a elaboração de programas que visam o uso racional do medicamento na população em geral, pois são potenciais líderes de opinião das comunidades onde se inserem.
Assim, foi efectuado um estudo qualitativo do consumo de medicamentos nos estudantes da Universidade de Lisboa (UL) visando: caracterizar o padrão de consumo de medicamentos, o perfil sócio-demográfico, psicológico e de saúde; identificar preditores de consumo; estimar o grau de adequação na sua utilização.
Realizou-se um estudo descritivo e transversal numa
amostra aleatória, constituída por 1147 alunos, aos quais foi administrado um questionário para obtenção de informação
relativa aos medicamentos consumidos na quinzena anterior e para a caracterização dos inquiridos. Cerca de 57% dos estudantes inquiridos consumiram medicamentos na quinzena anterior ao inquérito, tendo o número de medicamentos variado entre 1 e 10 por consumidor. O uso de medicamentos revelou-se associado ao status de saúde, mas foi independente de qualquer das variáveis sóciodemográficas estudadas, exceptuando o sexo, pois foi significativamente maior nas mulheres, mesmo após exclusão de contraceptivos orais. No período estudado foram consumidos 1160 medicamentos, dos quais 78% de prescrição médica obrigatória. Os grupos terapêuticos mais utilizados foram os do sistema nervoso cérebro-espinal (34,4%) e do aparelho músculo-esquelético (16,4%). Cerca de 6% dos consumidores utilizaram antibióticos, 8% psicofármacos, 15% AINES e 22% analgésicos e antipiréticos. O Paracetamol foi o fármaco mais usado. A prevalência de automedicação foi de apenas 19% e a maioria dos inquiridos assumiu ter cumprido a terapêutica instituída. Cerca de 58% dos consumidores consideram-se bem informados quanto aos efeitos adversos e contra-indicações dos medicamentos usados.
Conclusões: o consumo de medicamentos pelos alunos da UL foi elevado, mas na maioria dos casos de forma adequada. Segundo a sua utilização, a dor, a infecção e os
desequilíbrios psicoemocionais foram os problemas de saúde mais frequentes. O estudo do consumo de medicamentos através da administração de um questionário revelou-
se um instrumento muito útil para a caracterização do padrão de utilização e do grau de informação dos consumidores sobre o produto e da adequação com que o utilizam.
The characterisation of the drug use pattern in university students
and their knowledge and attitudes about the drugs used
is very important to obtain an indirect picture of morbidity in
this community, to identify drug use predictors and also to
develop strategies leading to a more rational use of medicines
in the general community.
Thus, in order to reach those purposes, a cross-sectional
survey was carried out in a probabilistic sample of students
of Lisbon University (UL) including 1147 subjects (354
males and 791 females). Information about the use of
medicines in the previous fortnight and co-variates was
collected by questionnaire which was administered by
trained interviewers.
About 57% of the students took medicines in the period studied.
The number of drugs consumed ranged from 1 to 10 per
student, although the majority consumed 1 or 2. Drug use was
associated with health status, but it was independent from all
the socio-demographic variables under study, except sex.
Females consume significantly more drugs, even after the
exclusion of oral contraceptives.
In the period under study, students consumed 1160 medicines,
being 78% of them mandatory — prescription medicines. The
therapeutic groups more used were the nervous system
(34.4%) and the musculo-skeletal system (16.4%). About 6%
of the consumers used antibiotics, 8% used psychodrugs, 15%
used NSAIDS and 22% used analgesics and antipiretics. Paracetamol
was the most used drug. The self medication prevalence
was 19% and the majority of the consumers assumed to
have a compliant attitude. About 58% of the consumers consider
themselves well informed about the adverse effects and
the contraindications of the medicines used.
Conclusions: the students of the UL consumed medicines frequently,
but, in general, they used them properly. The most
frequent health problems were: pain, infection and the psychoemotional
disorders. The administration of a questionnaire, to
collect information about drug use, demonstrated to be an useful
tool in order to characterise the drug use pattern and to find
out the consumer’s knowledge about the medicines used.