Author(s):
Silva, Leonor Sampaio da
Date: 2012
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10400.3/2456
Origin: Repositório da Universidade dos Açores
Subject(s): Tradução; Translation
Description
Longe vai o tempo em que o tradutor era apresentado como um traidor. A reflexão suscitada no século XX pela descoberta do texto de Walter Benjamin sobre "a tarefa do tradutor" dignificou o estatuto de quem passaria a ser visto como um mediador (Paul Ricoeur), um intérprete (George Steiner), um negociador (Umberto Eco), um transportador de sentidos (João Barrento), movendo-se entre textos, culturas e códigos. Superado o luto da inevitável renúncia ao ideal de tradução absoluta, ficou o acto tradutório associado à ambição mais modesta das boas práticas de hospitalidade linguística: traduzir é, como diz Ricoeur, receber o estrangeiro na nossa própria casa, partilhando com ele o prazer de uma vivência abrigada sob o tecto comum da permuta linguística. Neste intercâmbio de influências, não devemos deixar que as perdas obscureçam a percepção dos ganhos: o que, por vezes, se perde na tradução é recuperado na re-tradução efectuada pelos leitores, estimulados a regressar ao convívio com o Outro para melhor compreenderem a mensagem que encontram na sua língua materna. Nota da tradução, onde se apresenta a versão inglesa do "Roteiro Cultural dos Açores".