Author(s):
Lemos, Carlos Filipe S.
Date: 2002
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10400.12/603
Origin: Repositório do ISPA - Instituto Universitário
Description
Dissertação de mestrado em Comportamento Organizacional As organizações confrontam-se com envolventes cada vez mais competitivas e turbulentas. Neste cenário, os modos do saber fazer e os conhecimentos empíricos cruzam-se no dia a dia, sempre na procura da rentabilização e das melhores práticas de gestão. Procurámos neste estudo contribuir para esta sustentação, recorrendo a várias dimensões (poder, confiança e compromisso), as quais são operacionalizadas na organização através da função e centradas nas competências dos indivíduos que as executam. Pretende-se, pois, verificar se para funções diferentes, devem ser aplicadas práticas de gestão de recursos humanos diferentes.
Com base no conceito de função que se pode traduzir na especificação formal ou informal das actividades executadas pelos trabalhadores, incluindo tanto aspectos de estrutura como interpessoais; considerando necessidades e exigências da organização e dos indivíduos, utilizámos o modelo das "características do desempenho da função" descrito por Ríos e Sánchez (1997), com o intuito de formalizar a pesquisa, a qual tem por base as diferenças individuais e a adequação à realidade do sector em estudo.
Se por um lado, através da função, identificámos o meio de alcançar o objectivo a que nos propomos, por outro é necessário disponibilizar as ferramentas fundamentais, como sejam o poder, o compromisso e a confiança para conduzir os indivíduos ao caminho certo. Sendo o sector em estudo, sector automóvel, caracterizado pelo trabalho em equipa, foi necessário adequar estas dimensões tão importantes ao alcance do desempenho. Na abordagem à variável poder as relações entre as chefias e os subordinados, a confiança na chefia e o equilíbrio entre os princípios da equipa e a chefia revelam-se fundamentais para os resultados da organização. A par deste, o compromisso da equipa é um factor decisivo para a estabilidade e cooperação no seio organização.
Tendo como base uma amostra de 162 indivíduos, procurámos neste estudo analisar o problema acima mencionado em quatro organizações do sector automóvel, o qual se caracteriza por uma diversidade de funções (comercial, administrativos, chefias e pós-venda) sendo o trabalho em equipa a chave para o seu sucesso. Cabe, pois, a cada uma reunir os
instrumentos de gestão adequados, de forma a aplicá-los no melhor sentido da sua rentabilização.
Foram utilizados três instrumentos a fim de medir a percepção dos colaboradores em relação a cada uma das variáveis. O questionário do poder foi utilizado com base no modelo de French e Raven, tendo sido validado por Munduate e Dorado (1993). A confiança na chefia foi avaliada através de um questionário apresentado por Dirks (2000). A variável compromisso da equipa foi medida através do questionário de forma completa (15 itens) de Organizational Commitment Questionaire (Porter, Steers, Mowday & Boulian, 1974).
O tratamento dos dados foi elaborado em três momentos. No primeiro procedeu-se ao estudo da fidelidade; em continuidade foi testada a significância das diferenças entre as várias áreas funcionais e as variáveis dependentes, tendo-se recorrido à análise de variância multivariada - Manova. Finalizando o tratamento estatístico utilizou-se o coeficiente de correlação de Pearson a fim de verificar quais as relações entre as variáveis de interesse e como se comportam.
Como resultado da análise, verificaram-se diferenças significativas entre as variáveis em
estudo, a saber:
- Na variável poder coercivo, as funções que apresentam diferenças são a função
comercial e chefia. Na variável poder de experiência, a função que percepciona
diferenças é a função do pós-venda.
- Na variável confiança na chefia, as funções nas quais foram encontradas diferenças
foram os comerciais e pós-venda.
- No compromisso da equipa, as funções nas quais foram encontradas diferenças
foram os comerciais e chefias.
Desta análise, resultou que, nas variáveis estudadas a função administrativa não apresentou diferenças significativas em relação aos restantes grupos funcionais.
Daqui resulta que é necessário preparar os gestores e as equipas de forma a adoptar as estratégias adequadas e necessárias a cada uma das funções, caso a caso e não de forma indiferenciada. Assim, podemos concluir que neste sector e utilizando as variáveis de intervenção - poder, compromisso da equipa e a confiança na chefia, devem-se utilizar práticas diferenciadas de gestão de recursos humanos com vista a encontrar soluções de eficácia na organização.