Autor(es):
Santos, Jorge Almeida
; Mesquita, Artur
Data: 1991
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.12/2702
Origem: Repositório do ISPA - Instituto Universitário
Descrição
Este artigo visa uma análise crítica das principais
teorias da percepção visual. As incoerências internas
do Construtivismo e da Teoria da Gestalt são
demonstradas. O paradigma construtivista encontra
os seus limites numa regressão interpretativa infinita
e no postulado de um teste das interpretações
perceptivas que é incompatível com a própria teoria.
A abordagem gestaltista utilizou constatações
empíricas como leis de organização perceptiva, caindo
assim numa circularidade explicativa. Por outro lado,
estes dois modelos clássicos são empiricamente
suportados por sistemas experimentais que não
cumprem critérios científicos de teste de hipóteses
e carecem de validade preditiva, relativamente às
situações correntes de processamento perceptivo.
Actualmente a abordagem proposta por James
Gibson constitui o único modelo teórico com
coerência interna e validade ecológica. A renovação
do conceito de estímulo perceptivo e de relação
sujeito-objecto, e a definição de percepção como
actividade directa e automática, constituem as
características mais salientes da Abordagem
Ecológica. A importância dos estudos computacionais
de David Marr e a possibilidade de os aplicar a
operacionalização dos postulados de James Gibson
são analisadas. Por último, o estatuto actual das
representações gráficas enquanto objecto perceptivo
é discutido. ABSTRACT: This article presents a critica1 overview of the most
relevant theories of visual perception. It is asserted
that the Constructivist paradigm of perception leads
to an infinite regress and an interpretation paradox.
The Gestalt theory is circular. Gestaltists allowed
descriptions to serve as explanations. In turn, these
two classic models are empirically based on
experimental systems which don’t follow scientific
rules in what concerns test hypothesis. Moreover,
these models lack preditive validity concerning the
current perceptual processing situations. In the
present, the Ecological Approach of James Gibson
is the unique theoretical framework with interna1 and
ecological validity. This Ekological Approach presents
new formulations to the notions of perceptual
stimulus and of subject-object relationship as well
as the definition of perception as a direct and
automatic activity. The operacionalization of James
Gibson formulations, by the computacional studies
of David Marr, is outlined. Finally, the current status
of picture perception is discussed.