Autor(es):
Matos, Margarida Gaspar de
; Battistutta, Diana
; Simões, Celeste
; Carvalhosa, Susana Fonseca
; Dias, Sónia
; Gonçalves, Aldina
Data: 2003
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.12/1047
Origem: Repositório do ISPA - Instituto Universitário
Assunto(s): Adolescentes; Atitude; Escola; Família; Pares; Transmissão; VIH/SIDA; Adolescents; Attitude; Family; HIV/AIDS; Peers; School; Transmission
Descrição
A resposta social às pessoas infectadas com o vírus da SIDA bem como a
prevenção do VIH/SIDA é limitada pelo estigma associado à SIDA. A prevenção do
VIH/SIDA e da exclusão social das pessoas infectadas com o vírus, é pois um assunto
fundamental na área da saúde. Neste contexto, torna-se fundamental desenvolver
estudos sobre o “estado de arte”, no que diz respeito ao conhecimento dos jovens
acerca dos aspectos relevantes sobre o VIH/SIDA e das suas atitudes face às pessoas
infectadas com o vírus, que variam em geral entre a negligência, a precaução e a
exclusão social (Potsonen & Kontula, 1999; Thompson, Currie, Todd, & Elton, 1999).
Neste trabalho é estudado o modo como os dados demográficos, as características
pessoais, as relações com os pais com os pares e ainda o envolvimento escolar estão
associados ao conhecimento sobre as formas de transmissão e a atitude face a pessoas
infectadas. Foram utilizados dados da amostra Portuguesa de 1998, estudo integrado
na rede Europeia HBSC (“Health Behaviour in School-Aged Children: a WHO Cross
Cultural Study”), cujo objectivo é o estudo dos estilos de vida e comportamentos de
saúde em jovens em idade escolar (Currie, Hurrelmann, Settertobulte, Smith, & Todd,
2000; King, Wold, Tudor & Harel, 1996; Matos, Simões, Carvalhosa, Reis, & Canha,
2000).
Este estudo baseia-se num questionário, preenchido pelos alunos, que é administrado
nas escolas, e inclui alunos do sexto, oitavo e décimo ano do ensino regular com uma
média de idade de M=14,1 anos (DP=1,7).
Na metodologia de análise foi utilizado um modelo de regressão logística, afim de
obter a contribuição independente de cada uma das variáveis explicativas na variação
das variáveis em estudo: (1) conhecimento do modo de transmissão e (2) atitudes face
a pessoas infectadas com o VIH/SIDA. Os resultados são expressos em “odds ratios”
com 95% de intervalo de confiança.
A análise dos resultados sugere que quando o conhecimento acerca dos modos de
transmissão é deficitário, as atitudes face às pessoas infectadas tendem a ser menos
positivas. As raparigas parecem ter uma atitude mais positiva e melhores conhecimentos
dos modos de transmissão, assim como os adolescentes mais velhos. Os
adolescentes com um estatuto socio-económico médio, com melhores expectativas
face ao futuro e com uma melhor percepção da escola e do seu desempenho escolar
tendem a demonstrar uma atitude mais positiva face às pessoas infectadas, bem como
melhores conhecimentos sobre as formas de transmissão. O envolvimento e apoio dos
pais é relevante.
A percepção dos adolescentes acerca do seu bem-estar está relacionada com a
percepção de um meio escolar positivo (Matos & Carvalhosa, 2001b; Matos, 2002), e
com a probabilidade de escolherem estilos de vida e comportamentos de saúde (Nutbeam, Smith, Moore, & Bauman, 1993). As escolas são contextos privilegiados
para abordar os adolescentes e para planear intervenções que proporcionem a
participação dos alunos na construção da sua própria saúde e na construção de atitudes
positivas face aos outros, e face às pessoas infectadas com VIH, em particular. Muito
trabalho há a fazer na área da Educação para a Saúde em geral, e na Educação para a
Saúde Sexual em particular. As competências sociais, o desenvolvimento do auto-
-conceito, a participação, a resolução de problemas e a tomada de decisão são
aspectos fundamentais na denominada “segunda geração” de estratégias da Educação/
/Promoção de Saúde nas escolas (Matos, 1997; Matos, 2002). É necessário fazer
esforços para promover um sentimento de filiação dos adolescentes ao contexto
escolar, como forma de aumentar a percepção de um meio escolar positivo, a
percepção subjectiva de bem-estar, o sentimento de pertença, a percepção de auto-
-eficácia e de valor e consequentemente, as suas escolhas por estilos de vida
saudáveis. ------ ABSTRACT ------ Social response to HIV infected people, and social response in HIV
prevention is limited by the AIDS related stigma. Prevention of HIV/AIDS, as well as
prevention of HIV/AIS infected social exclusion, is thus a key health issue. The way
to highlight this matter implies the study of the “state of art” of the knowledge of
adolescents about HIV/AIDS issues and theirs attitudes towards infected individuals,
ranging from precaution to social exclusion (Potsonen & Kontula, 1999; Thompson,
Currie, Todd, & Elton, 1999).
This paper examines the way in which variables related to demographic factors,
personal characteristics, peer relationships, parent relationships, and school
involvement are associated with knowledge about transmission and attitudes to
infected persons by adolescents.
The study used data from the 1998 Portuguese sample of the European study HBSC
(“Health Behaviour in School-Aged Children: a WHO Cross Cultural Study”, Currie,
Hurrelmann, Settertobulte, Smith, & Todd, 2000; King, Wold, Tudor, & Harel, 1996;
Matos, Simões, Carvalhosa, Reis, & Canha, 2000). This survey is based on a
self-completed questionnaire that is administered in schools. The HBSC survey
includes pupils in the 6th, 8th and 10th years of high school (age M=14.1 years old,
SD=1.7).
Logistic regression models were used to consider the independent contribution of each
explanatory variable to variation in attitude and knowledge about HIV/AIDS
transmission. Results are expressed as odds ratios and 95% confidence intervals.
It was noticeable in this study, the importance that schools can have in the discussion
of accurate knowledge about HIV/AIDS transmission: if knowledge about
transmission is not accurate, attitude towards infected people is less positive. Girls
seemed to have a more positive attitude and better knowledge, as well as older
adolescents. Adolescents with a medium socio economic status, a better expectation
towards one’s future, a better perception of schooling and a better perception of
school achievement tend to show a more positive attitude towards HIV infected
people, and a better knowledge about transmission. Parents involvement or at least
parental occasional encouragement is also relevant. Adolescents’ perception of wellbeing is related to their perception of a positive school
ethos (Matos & Carvalhosa 2001b; Matos 2002), and to their probability to choose
health related behaviours their life style (Nutbeam, Smith, Moore, & Bauman, 1993).
Schools are handy settings to approach adolescents, and design interventions directed
to allow pupils participation in the construction of their own health and positive
attitudes towards others’ in general and HIV infected people specifically.
Focusing on the average Portuguese adolescent, traditional health education in
Portuguese schools is not refined and needs to include first and second generation
strategies for health promotion. It is still a lot of work to be done in the area of health
education, namely an education towards a healthy sexuality. Then, issues such as
communication skills, self concept enhancement, participation and problem solving
and decision making are key issues in the so called second generation strategies in
health education and promotion in schools (Matos, 1997; Matos 2002). An effort has
to be made order to improve the possibility of a sense of affiliation and agency of
adolescents in schools settings, as a way to increase their perceived positive school
“ethos” and thus their subjective perception of wellbeing, sense of belonging,
perception of self-efficacy and worthfulness and consequently their choices of
healthier life style.