Author(s):
Almeida, D.
; Moreira, R.
; Capela, I.
; Vala, Helena
Date: 2011
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10400.19/1424
Origin: Repositório Científico do Instituto Politécnico de Viseu
Subject(s): Imunologia; História
Description
INTRODUÇÃO: No século XII, investigadores chineses observaram que os indivíduos que se recuperavam da varíola eram
resistentes a ataques posteriores desta doença. Perante esta observação, infectaram crianças deliberadamente
com a varíola, esfregando crostas de indivíduos infectados em pequenos cortes na pele das crianças, tendo
verificado que as que sobreviviam ficavam protegidas contra a varíola para o resto da sua vida. Com o aumento
da experiência no uso desta técnica, os chineses perceberam que os casos eram minimizados utilizando-se
crostas de casos leves de varíola (Tizard, 2008).
No século XVI, Hieronymus Fracastorius (Verona), no seu livro De contagionibus et contagiosis morbis et eorum
curatione (1546), foi o primeiro a postular a ideia de que o contagium fosse devido a agentes vivos, criando
assim, a doutrina do contagium vivum (Silva, 2001). Contudo foi, em 1754, que surgiu a ideia de que a
inoculação poderia ajudar a controlar os surtos de peste bovina que tinham ocorrência desde o século IX e
inevitavelmente matavam um grande número de bovinos. Esse processo consistia na embebição de um pedaço
de corda com secreção nasal de um animal infectado e na sua inserção no interior de uma incisão na pata do
animal que se pretendia proteger. A doença resultante era normalmente mais suave que a infecção natural e o
animal inoculado tornava-se resistente à doença. O processo mostrou-se muito popular e inoculadores
capacitados viajavam pela Europa inoculando bovinos e marcando-os para mostrar que estavam protegidos
contra a peste bovina (Tizard, 2008).
Em 1798, Edward Jenner, um médico inglês, demonstrou que o material de lesões de varíola bovina poderia ser
substituído pelo da varíola humana na variolação. Como a varíola bovina não causava doença grave no homem, o
uso desse procedimento reduziu os riscos decorrentes da “variolação” em níveis insignificantes. Estava descoberto
um princípio da vacinação: a exposição a uma estirpe de um organismo não causador de doença numa determinada
espécie pode conceder protecção contra a estirpe causadora de doença nessa espécie animal. A eficácia dessa
técnica, denominada vacinação (o nome advém de vaccinia, o agente infeccioso da varíola bovina) foi tal que levou a
Organização Mundial de Saúde a anunciar, em 1980 que a varíola era a primeira doença infecciosa a ser erradicada
em todo mundo através da implementação de um programa de vacinação (Tizard, 2008; DGS, 2004). Em 1879, em França, Louis Pasteur, investigou a cólera aviária, doença causada pela bactéria hoje conhecida
como Pasteurella multocida e descobre outro princípio da vacinação: a exposição de uma espécie animal a uma
estirpe envelhecida/enfraquecida (estirpe não virulenta) pode provocar uma resposta imune que irá proteger o
animal contra a infecção subsequente por uma estirpe produtora de doença (virulenta) do mesmo ou de um
microrganismo relacionado (Silva, 2001; Tizard, 2008).
Mais tarde é desenvolvida a teoria de que os fagócitos, do grego “devorador de células", eram a primeira e mais
importante linha de defesa contra a infecção (Pelczar et al., 1996) e a protecção induzida pelos processos de
vacinação (Silva, 2001).
Seguiram-se grandes nomes no século XX que contribuíram para o desenvolvimento da ciência que é hoje a
imunologia.