Description
Introduction – The best diagnostic and treatment strategy for an approach to the nodular thyroid disease continues to be a controversial issue. Objectives – The aim of this study was to characterise medical practice in the diagnosis and treatment of nodular thyroid disease by endocrinologists and surgeons in Portugal in 2002. Methods – A questionnaire based on that used by the European Thyroid Association and the American Thyroid Association was drawn up. The questionnaire, based on a well-defined index case, was circulated by the Portuguese Endocrinology Society to endocrinologists and surgeons: 42 year-old woman with solitary thyroid nodule measuring 2 x 3 cm, with no history of malfunction or painful symptoms. Each doctor was asked to reply as to the adopted diagnosis and therapy procedures for the index case. Eleven variations to the original case were proposed in order to evaluate the alterations for each variation. Results – 1492 questionnaires were sent out, 163 to endocrinologists and 1329 to surgeons. A total of 104 were returned. The global response rate was 7%. The response rate for endocrinologists was 27% and 4.5% for surgeons. Of the 104 questionnaires returned, 42% were from endocrinologists and 58% from surgeons. Concerning tests prescribed, surgeons would use more tests than endocrinologists for the index case. The main differences in laboratory terms were the higher number of prescriptions for total T4 and T3 and thyroglobulin by surgeons and more prescriptions for AATPO by endocrinologists. The average number of tests was 4.6, 4.1 for endocrinologists and 5.1 for surgeons. Relative to imaging and cytology, 32% of doctors advocated a scintigraphy to diagnose the index case, with no significant differences between endocrinologists and surgeons. Ultrasonography was used by over 85% of respondents. 90% prescribed a cytology, 83% guided by palpation and 18% ultrasonography-guided. Concerning treatment, 33% of doctors advocated levothyroxin treatment; surgery was advocated by 16.3% of endocrinologists and 36.6% of surgeons. Meanwhile, the majority of doctors (68%) would opt for no treatment and simply maintain the patient under surveillance. Conclusions – There are important differences in the approach to nodular thyroid disease among the various doctors and specialists, which highlight the difficulty in achieving a diagnostic and therapeutic consensus. Introdução – A melhor estratégia diagnóstica e terapêutica em relação à abordagem da doença nodular da tiroideia, continua a ser um assunto controverso. Objectivos – Este estudo teve como objectivo caracterizar a prática médica, relativamente ao diagnóstico e tratamento da patologia nodular da tiroideia, de endocrinologistas e cirurgiões, em Portugal, em 2002. Métodos – Foi elaborado um questionário baseado no já utilizado pela European Thyroid Association e pela American Thyroid Association. Este questionário foi distribuído pela Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, a médicos endocrinologistas e cirurgiões, tendo em conta um caso clínico bem definido, de uma mulher de 42 anos com nódulo solitário da tiróide com 2 x 3 cm, sem história de disfunção ou sintomas dolorosos. Cada médico deveria responder quais os procedimentos diagnósticos e terapêuticos que adoptaria no caso em referência. Onze variações ao caso inicial foram propostas de forma a avaliar as alterações efectuadas para cada alteração introduzida. Resultados – Foram enviados 1492 questionários, 163 a médicos endocrinologistas e 1329 a cirurgiões, tendo-se recebido um total de 104 respostas. A taxa de respostas global foi de 7%. A taxa de respostas dos endocrinologistas foi de 27% e dos cirurgiões de 4,5%. Dos 104 questionários recebidos, 42% provinham de endocrinologistas e 58% de cirurgiões. Em relação aos exames analíticos pedidos, os cirurgiões utilizaram mais analises do que os endocrinologistas para o caso clínico em estudo. As principais diferenças em termos laboratoriais consistiram num maior número de pedidos de T4 e T3 totais e tiroglobulina pelos cirurgiões, e mais pedidos de AATPO pelos endocrinologistas. O número médio de análises foi de 4,6, sendo de 4,1 para os endocrinologistas e 5,1 para os cirurgiões. Quanto à imagiologia e citologia, 32% dos médicos inquiridos advogaram uma cintigrafia para o estudo do caso clínico, não se registando diferenças significativas entre endocrinologistas e cirurgiões. A ecografia foi utilizada por mais de 85% dos inquiridos. 90% pediram uma citologia, dos quais 83% orientada por palpação e 18% eco-guiada. Em relação ao tratamento, 33% dos médicos preconizaram tratamento com levotiroxina, sendo a cirurgia proposta por 16,3% dos endocrinologistas e 36,6% dos cirurgiões. No entanto, a maioria dos médicos (68%) optaria por não efectuar qualquer tratamento mantendo apenas a doente em vigilância. Conclusões – Existem diferenças importantes na forma de abordagem da doença nodular tiroideia, entre os vários médicos e os vários especialistas, sublinhando-se a dificuldade existente em atingir um consenso diagnóstico e terapêutico.