Autor(es):
Póvoas, Marta; Serviço de Pediatria, Hospital do Espírito Santo, Évora
; Castro, Teresa; Serviço de Pediatria, Hospital do Espírito Santo, Évora
; Mateus, Ana Maria; Serviço de Pediatria, Hospital do Espírito Santo, Évora
; Costa, Mónica; Instituição Particular de Solidariedade Social Casa do Sagrado Coração de Jesus, Évora
; Escária, Arminda; Departamento do Pré-Escolar do Agrupamento de Escolas nº 4 de Évora
; Miranda, Cristina; Administração Regional de Saúde do Alentejo
Data: 2013
Origem: Acta Pediátrica Portuguesa
Descrição
Introdução: Brincar é um direito da criança que nem sempre é respeitado. Na sociedade actual, o tempo para brincar de forma espontânea tem sido progressivamente substituído por actividades planeadas, em horários rígidos e preenchidos. Existem poucos estudos em relação aos hábitos de brincar das crianças portuguesas. Conhecer a nossa realidade é essencial para estabelecer estratégias eficazes de aconselhamento aos pais.Métodos: Estudo observacional, transversal, que consistiu na aplicação de um questionário a encarregados de educação de crianças que frequentavam Jardim de Infância de um meio urbano. O questionário abordava dados demográficos, aspectos referentes a brincar com e sem os pais, brinquedos, actividades, acesso e utilização de meios audiovisuais.Resultados: Foram analisados 210 questionários, relativos a crianças com média de idade de cinco anos, sendo 51,4% do sexo masculino. Os pais com maior grau de escolaridade e profissões mais especializadas referiram menos tempo disponível para brincar com os filhos, que frequentavam mais actividades fora do Jardim de Infância. A escolaridade relacionou-se ainda com menor quantidade de equipamentos audiovisuais no quarto. Utilizavam o computador 40,5%. O tempo despendido diariamente em frente ao ecrã foi, em 54,3% das crianças, superior ao recomendado pela Academia Americana de Pediatria. As crianças brincavam sobretudo com os pais, em casa, em brincadeiras que incluíam “artes plásticas” e em brincadeiras livres. Trinta por cento dos pais consideraram importantes as actividades extra-curriculares.Conclusão: A profissão e grau de escolaridade influenciaram a disponibilidade dos pais para brincar, a frequência de actividades extra-curriculares e a presença de equipamentos electrónicos no quarto das crianças. O pediatra deve advertir os pais acerca da sobrecarga horária com actividades planeadas e para o uso excessivo de meios audiovisuais e tecnológicos.