Author(s):
Teixeira, Rogério
; Lourenço, Carolina
; Baptista, Rui
; Jorge, Elisabete
; António, Natália
; Monteiro, Sílvia
; Gonçalves, Francisco
; Monteiro, Pedro
; Freitas, Mário
; Providência, Luís A.
Date: 2009
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10316/11814
Origin: Estudo Geral - Universidade de Coimbra
Subject(s): Síndromes coronárias agudas sem supra-desnivelamento do segmento ST; Abordagem invasiva; Prognóstico no final do primeiro ano
Description
Introdução: As recomendações mais recentes reforçam a importância de uma abordagem invasiva no contexto das síndromes coronárias agudas (SCA) sem supradesnivelamento do segmento ST. No entanto, o prognóstico deste tipo de abordagem é ainda objeto de discussão.
Objectivo: Comparar o prognóstico intra-
-hospitalar e a médio prazo de uma abordagem invasiva versus conservadora nas SCA sem supradesnivelamento do segmento ST. População e métodos: Estudo prospectivo, observacional e longitudinal de 802 doentes consecutivamente admitidos com SCA sem supradesnivelamento do segmento ST numa única unidade de cuidados intensivos coronários. Os doentes foram divididos em dois grupos: Grupo A (n=418) – abordagem invasiva; Grupo B (n348) – abordagem conservadora. Foi realizado um seguimento clínico de um ano para avaliar a mortalidade de qualquer etiologia e o resultado combinado de eventos cardiovasculares significativos.
Resultados: Os doentes do grupo B eram mais frequentemente do género feminino, mais idosos [64,0 (27 – 86) versus 73,0 (29 – 93) anos, p<0,001], mais diabéticos (26,0 versus 35,9% p=0,002), tinham maior prevalência de enfarte agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca e fibrilhação auricular prévios. Apresentaram valores médios inferiores de creatinina, hemoglobina iniciale mínima, e de fração de ejeção do ventrículo esquerdo [57,0 (50 – 60) versus 53,0 (45-59) %, p<0,001]. Os doentes do grupo A eram mais fumadores, tinham mais antecedentes de intervenção coronária prévia, estavam em classes Killip inferiores na admissão, e apresentavam um score de risco TIMI também inferior. Durante o internamento receberam mais anti-agregantes plaquetares, inibidores das glicoproteínas IIb/IIIa, beta bloqueantes e iECAs. A taxa de mortalidade intra-hospitalar foi significativamente superior no grupo B (1,9% versus 5,7%, p=0,0041). O género feminino (OR ajustado 0,46; 95% CI 0,27 – 0,78), e uma idade superior a 66,5 anos (OR ajustado 0,55; 95% CI 0,31 – 0,99) foram preditores independentes para a opção por uma abordagem conservadora durante o internamento. A sobrevida no final do primeiro ano foi superior para os doentes admitidos numa abordagem invasiva (95,9% versus 86,2%, log rank p <0,001), bem como a sobrevida livre de “MACE” (88,3% versus 75,7%, log rank p <0,001). De acordo com dois modelos de análise multivariada de Cox, a opção por uma abordagem invasiva durante o internamento conferiu uma redução de 57% do risco relativo de morte (HR 0,43; 95% CI 0,20 – 0,94), e de 56% do risco relativo de “MACE” (HR 0,44; 95% CI 0,26 – 0,77) no final do seguimento clínico.
Conclusões: Apesar das diferenças entre os grupos, na nossa população foi verificada em análise multivariada o benefício da abordagem invasiva no prognóstico intra-hospitalar e a médio prazo.