Author(s):
Faria, Susana
Date: 2010
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10400.8/415
Origin: IC-online
Subject(s): Comunicação organizacional; Identidade colectiva; Mudança; Nova gestão pública; Ensino básico
Description
Tese apresentada à Universidade de Aveiro para cumprimento dos requisitos
necessários à obtenção do grau de Doutor em Ciências Sociais, realizada sob a
orientação científica do Doutor Rui A. Santiago, Professor Associado com
Agregação da Secção Autónoma de Ciências Sociais, Jurídicas e Políticas da
Universidade de Aveiro e co-orientação do Doutor Pedro C. Silva, Professor
Adjunto da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto
Politécnico de Leiria. O reforço e a diversificação do investimento na comunicação por parte das
instituições educativas são discutidos neste estudo como uma das
consequências da nova gestão pública. Tendo em vista a ‘qualidade’ e a
‘eficácia’ das suas prestações, as escolas têm procurado tornar-se mais
dialogantes, assumindo a aposta na comunicação organizacional como
parte integrante de uma estratégia empreendedora, que lhes tem vindo a
conferir uma nova identidade colectiva unificada em torno dos valores neoliberais.
Não obstante, os sistemas de comunicação criados são mais complexos
do que se poderia supor. Revelando a influência de pressões híbridas,
estes sistemas transformaram-se num contexto mediador da mudança
embutido em novas concepções de escola e dos novos mandatos para a
educação (assim legitimados interna e externamente), surgindo, ao
mesmo tempo, como o locus de produção de novas identidades. Tal
acontece porque a comunicação constitui o ponto de convergência entre
as diferentes políticas educativas e as práticas localmente adoptadas na
sequência de um processo de interpretação criativa das diferentes
pressões. É este o sentido com que afirmamos que a comunicação se
constitui numa meta-ideia ao serviço da ‘qualidade’, ainda que esta possa
ser perspectivada a partir do ideal burocrático da organização (como
sinónimo de eficiência administrativa), do ideal profissional (centrada no
processo de ensino-aprendizagem) ou do ideal empreendedor
(valorizando a capacidade de resposta às solicitações do mercado).
Os dados empíricos, que sustentaram o nosso estudo, resultaram da
observação do quotidiano de um agrupamento de escolas do ensino
básico e dos testemunhos recolhidos, ao longo de três anos, nesta
comunidade educativa. Recorrendo ao estudo de caso como estratégia de
investigação enveredámos inicialmente, num contexto de descoberta, pela
realização de observações ‘desarmadas e naturais’. Usámos,
posteriormente, a análise documental, a entrevista e o questionário na
recolha de informação complementar, o que, mediante o cruzamento de
métodos de análise qualitativa e quantitativa, nos permitiu tirar partido da
triangulação dos dados.
Os resultados obtidos apontam para a centralidade dos processos
de comunicação na transformação induzida pela nova gestão pública e
para o desenvolvimento de uma matriz discursiva bilinguista, que procura
harmonizar os imperativos de ‘mercado’ com o discurso pedagógico e com
modelos burocrático-profissionais de organização.