Author(s):
Branco, Manuel Couret
; Henriques, Pedro Damião
; Carvalho, Maria Leonor da Silva
Date: 2013
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10174/9389
Origin: Repositório Científico da Universidade de Évora
Subject(s): acesso à água; África; desenvolvimento
Description
Se se quiser melhorar o nível de vida das populações em África, a oferta de
água é um dos serviços que deve ser fornecido nas próximas décadas. Tendo em
conta o papel que a recolha e distribuição de água tem no desenvolvimento, o
primeiro aspecto a ser tratado neste artigo diz respeito ao processo pelo qual a
água tem vindo a ser transformada em mercadoria. Desta mercantilização da
água resulta não só que o seu consumo pode ser desigualmente distribuído
entre as pessoas mas também a possibilidade de alguns seres humanos se-
rem excluídos do acesso à água. Como consequência deste facto, a Organização
Mundial de Saúde acredita que mais do que mil milhões de pessoas são pri-
vadas do acesso básico à água. Estima ainda que cerca de 2,3 mil milhões de
pessoas sofrem de doenças relacionadas com a água, tanto no que respeita
à sua escassez como à sua pobre qualidade. Este será o segundo aspecto a
ser examinado como um bom exemplo de restrição ao desenvolvimento. Na
verdade, o Relatório do Desenvolvimento Humano de 2006 a+rma que os custos
directos e indirectos de manutenção do de cit corrente de provisão de água
potável em países em vias de desenvolvimento representam nove vezes o custo
de fornecer uma cobertura universal, sendo a perda global devida à falta de
água e de saneamento de cerca de 5% do PIB. Refere também que cada unidade
monetária gasta em investimentos em água e saneamento gera 8 unidades
monetárias em poupança de custos e ganhos de produtividade. Mais ainda, se
se considerarem as oportunidades perdidas pelas mulheres e os dias de escola perdidos pelas crianças com o tempo gasto na recolha de água, a insu ciente
cobertura de água também contribui decisivamente para a pobreza na idade
adulta. Pode dizer-se que esta é a consequência do subdesenvolvimento, mas
segundo Pedro Arrojo, um estudioso em temas respeitando a ética no uso da
água, fornecer água às pessoas para as suas necessidades básicas está ao alcance
da economia de qualquer país. Uma abordagem para reduzir os efeitos nocivos
sobre o desenvolvimento da desigual recolha e distribuição da água consiste
na desmercantilização da água.
Com este artigo pretende-se analisar o papel da recolha e da distribuição de
água no desenvolvimento, nomeadamente na melhoria das condições de vida
das populações Africanas.