Autor(es):
Melo, Madalena
; Pereira, Tiago
Data: 2012
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10174/7290
Origem: Repositório Científico da Universidade de Évora
Descrição
A intervenção psicológica em contextos educativos
tem sido pautada por abordagens e modelos
centrados num paradigma médico-psicológico,
baseado nos pressupostos médicos de doença e
causalidade interna dos problemas de aprendizagem
da criança — se a criança não aprendia era
porque havia algo de errado dentro dela (Bairrão,
1985, 1995; Loxley, 1980). O foco no indivíduo levou
a uma ênfase nas diferenças individuais e a
uma tendência para ignorar o papel das variáveis
sociais e ambientais no desenvolvimento, bem
como à concepção de que a criança é responsável
pelos seus problemas de aprendizagem (Siegel &
Cole, 2003).
O falhanço das intervenções baseadas nestes
pressupostos levou, gradualmente, à implementação
de novas modalidades de intervenção, baseadas
na ideia de que a pessoa e o seu ambiente
não formam entidades separadas, de que a pessoa
é uma parte activa e intencional do ambiente
em que interage. Os ambientes directos em que a
pessoa interage estão embebidos num ambiente
mais amplo, com as suas propriedades físicas, sociais
e culturais, que operam directa e indirectamente
em todos os níveis da interacção pessoaambiente
(Bronfenbrenner, 1979, 1995, 1999,
2005). O desenvolvimento humano poderá, então,
ser entendido como um processo cultural — as pessoas desenvolvem-se como participantes
nas suas comunidades culturais (Rogoff, 2003).
Esta reconstrução da psicologia da educação
implica que o psicólogo adopte novos papéis de
intervenção, que lhe permitam actuar, não com
problemas individuais descontextualizados, mas
dentro de um sistema (do qual ele é também parte
interveniente) com todos os seus participantes,
tendo em conta que a mudança num elemento
do contexto vai influenciar todos os outros elementos.
A intervenção será, assim, fundamentalmente
através de projectos centrados na escola,
mas num contexto de relação de feed-back com
a comunidade e envolvendo os vários elementos
que participam nos contextos mais relevantes.
Isto não implica a recusa de serviços directos e
de intervenções individuais; antes significa que
qualquer intervenção requer a participação do
sistema social da criança e de todos os seus elementos
significativos (Reynolds & Miller, 2003).
Esta comunicação pretende apresentar uma experiência
de intervenção psicológica em contexto
escolar baseada nestes pressupostos e reflectir
sobre as potencialidades de um modelo ecológico
– desenvolvimental na prática da psicologia da
educação.
Tipo de Documento
Parte ou capítulo de livro
Idioma
Português
Editor(es)
Pereira, Tiago; Albuquerque, D'Arcy