Author(s):
Teixeira, Cláudia
Date: 2007
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10174/5922
Origin: Repositório Científico da Universidade de Évora
Subject(s): Viagem; Eneida; Satyricon; Asinus aureus
Description
Da introdução: «Considerado no âmbito do estudo que nos propomos, ou seja, a análise das estruturas de mobilidade na épica e no romance latinos, a primeira questão que se põe é a de saber se a materialização concreta do tema da mobilidade, no romance e na épica, pressupõe um desenvolvimento similar ou se, pelo contrário, implica variações ou mesmo inflexões.
A resposta impõe o esclarecimento de outra questão: constitui a mobilidade, considerada nos seus pressupostos, uma estrutura cuja definição é extragénerica1 e, por conseguinte, conceptualmente universal e abstracta? ou constitui uma estrutura cuja definição depende estritamente da relação que mantém com o género específico em que se desenvolve?
Da consideração generalista da mobilidade é possível deduzir que esta estrutura colige, ao nível da concepção, organização e estruturação, determinadas características universais. A primeira assenta no facto de que a deslocação física se organiza entre um termo a quo e um termo ad quem, que materializa coordenadas concretas de partida e de chegada. Entre essas coordenadas, decorre, normalmente, um conjunto de episódios espacial e temporalmente organizados numa relação cronotópica.
No entanto, a mobilidade raramente traduz, apenas, pura deslocação no espaço e no tempo.3 Com efeito, a mobilidade constitui, regra geral, o fundo para a formulação e desenvolvimento de relações várias. E, neste quadro, assumem-se como determinantes as relações que se estabelecem entre personagens, entre tempo da história e tempo histórico e cultural, entre percurso físico e percurso simbólico-ideológico. Todas essas relações são, deste modo, possíveis em quadro de mobilidade, seja este dominado por um modelo de viagem ou de errância.(...)»