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Educação emocional, um contributo para a gerontologia

Autor(es): Veiga-Branco, Augusta cv logo 1

Data: 2012

Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10198/6993

Origem: Biblioteca Digital do IPB

Assunto(s): Emoção; Educação emocional; Marcador somático; Aprendizagem seletiva; Memorização seletiva; Energia motivadora; Estímulo emocionalmente competente


Descrição
Porque gosto… Assuma-se, com a necessária humildade, que construímos os nossos referenciais daquilo para que temos apetência - como quando dizemos vulgarmente “gosto” - com base nos nossos estados emocionais. Na prática, se vivermos emoções de polaridade positiva relativamente a um contexto, vamos querer repeti-lo. Por oposição, teremos tendência a rejeitar as vivências, temáticas, pessoas ou objetos que - por serem percebidos como estímulos emocionalmente competentes de caráter negativo – nos remetem a um estado de corpo negativo, por terem emergido de emoções de polaridade negativa. Poderemos fazer um esforço para memorizar, selecionar e racionalizar, mas na base, “… o aspeto que define os nossos sentimentos emocionais, é a análise consciente dos estados corporais modificados pelas emoções, e é por esse motivo que os sentimentos podem servir de barómetros da gestão da vida.” (Damásio, 2010: 80). Esta evidência científica, deixa toda a pertinência para a emoção, e portanto para a Educação Emocional. A análise que a seguir se expõe, pretende sugerir e defender a Educação Emocional, não só como uma formação em torno dos afetos, ao nível psico afetivo, mas sobretudo como uma formação inespecífica, porque se acredita, que devolve ao sujeito a capacidade para se fortalecer como protagonista do seu bem-estar (Asensio et al., 2006) como promotor da sua saúde. Não se pretende, com esta proposta, defender o primado dos afetos e da emoção, como maior espaço formativo e muito menos preterir a componente técnica e científica operacionalizante. Trata-se de aceitar e pôr em ação um intelecto emocional, em conformidade com uma “inteligência generosa” cuidativa, conscientes, de que é preciso ver as situações, também naquilo que elas têm de menos “exato”, como a sensibilidade, a emoção, ou seja, os afetos de que estão impregnados os fenómenos relacionais humanos. Seja com eles mesmos, com os pares ou com o mundo. Partindo destes pressupostos, o que aqui se defende é que a Educação Emocional deveria ser tema por direito próprio na formação de saúde em geral, e de Gerontologia em particular, e portanto, necessariamente, dos respetivos atores educativos, no seu estatuto de Gerontogogos, que para tal se venham a sentir motivados. Como definição de Educação Emocional, e para melhor esclarecer esta proposta, adota-se a definição de Bisquerra (2000: 243) do “processo educativo, continuo e permanente, que potencializa o desenvolvimento emocional, como complemento indispensável do seu desenvolvimento cognitivo, constituindo ambos, elementos essenciais ao desenvolvimento da personalidade integral”. Considera-se esta descrição de aquisições, como uma forte mais valia tanto em Gerontologia Educativa como em Educação Gerontológica. Tal como em qualquer outra área científica, desde as Ciências da Educação às Ciências da Saúde e naturalmente em Gerontologia, a natureza da responsabilidade de ser Gerontólogo, desloca o sentido e o significado da responsabilidade, de caráter (só) executivo, para o caráter reflexivo e construtor de novos caminhos, nomeadamente, nos paradigmas formativos, com comunidades de idosos e seus cuidadores. (...) ... (...) ... (...) Que contributos poderia ter a Emoção? A bibliografia científica é claramente demonstrativa que a criação “de representações mapeadas” para construir a nossa perceção do real, bem como, “a criação de registos de memória dos mapas sensoriais” (Damásio 2010: 174) construtores da nossa memória, a cognição, as decisões em geral e as relações podem ser alteradas com a expressão ou a perceção valorativa que a emoção pode desencadear. Este é um argumento de mais valia para colocar elementos emocionais positivos nas técnicas pedagógicas, para os formandos idosos se sentirem estimulados, e poderem viver o ambiente educativo de forma emocional positiva. Além desta relevância, também seria importante que os parceiros educativos – os gerontogogos e os idosos – tivessem a oportunidade de pensar e viver com evidência a gestão dos seus afetos, para que a partir dessa tonalidade emocional colocada sentissem que poderiam tomar decisões - supostamente racionais – a partir de emoções geridas. Este ponto é um argumento que foi, e se vem mantendo, relevante em Damásio (1995; 2000; 2003; 2010), o de ter demonstrado a impossibilidade de separar a emoção da razão, defendendo mesmo que, alguém privado das suas emoções alteraria as decisões supostamente racionais, razão porque é aqui considerado. (...) ... (...) (...) Mas, para deixar claro que as emoções dotam os humanos da capacidade de “atribuição de sentido”, é necessário refletir acerca do quanto estes fenómenos são essenciais, já que, e mais do que isto, «as emoções constituem o enquadramento da própria racionalidade, no sentido de que permitem ao sujeito “estar sintonizado” com o mundo» (Marques- Teixeira, 2003: 49), numa perspetiva holística, que se manifestam através das suas qualidades específicas, e que tanto o humor como as emoções - o que aqui interessa evidenciar – matizam as nossas experiências. (...) .... (...) ... (...) ... (...) Escolher através de um “marcador somático” As emoções são decisivamente importantes na decisão em que é requerida a atividade racional de caráter envolvente sócio-relacional e pessoal. Por exemplo, decidir a quem aceitar, a quem perdoar, com quem partilhar, ou decidir investimentos, carreiras ou orientações de conduta necessitam de um grande volume de informação e de um apurado “marcador somático” para assumir uma escolha, tendo em conta a experiência e o contexto do decisor. (...) .... (......) .... (...) Apreender uma mensagem, absorver e reter uma informação, é uma atividade cognitiva, através da memorização. Mas é a intensidade afetiva, sentida ou não no ato momentâneo em que ocorre, pela impregnação no sujeito do estímulo atencional, percecionado como competente (ou não), que determina a estabilidade e duração comportamental desse conhecimento. Aprendemos tanto melhor e mais profundamente, quanto mais emocionalmente estimulante for percebido o objeto... (...) ...
Tipo de Documento Parte ou capítulo de livro
Idioma Português
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