Author(s):
Pereira, Helena
; Lourenço, Ana
; Gominho, Jorge
; Ferreira, Maria Costa
Date: 2005
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10400.5/660
Origin: Repositório da UTL
Subject(s): papel; tratamento enzimático; envelhecimento
Description
Congresso Florestal Nacional: A floresta e as gentes - Actas das Comunicações O presente trabalho pretende averiguar o efeito de um tratamento enzimático no retardar do envelhecimento do papel através da aplicação de uma formulação enzimática contendo laccase e um mediador redox, na produção de folhas de papel. Foram produzidas folhas com gramagem de 60 g/m2 a partir de duas pastas industriais diferentes (pasta de eucalipto branqueada e pasta de papel reciclado). As folhas de foram sujeitas a uma sequência de envelhecimento em três câmaras: radiação ultravioleta (comprimento de onda de 280 nm), temperatura (19 ºC) e humidade relativa (70 %); nevoeiro salino (concentração salina de 1% e temperatura de 35 ºC). Para avaliar qual o efeito da variação da humidade e da temperatura, ensaiaram-se dois processos de envelhecimento: no primeiro, fez-se variar a humidade relativa (60, 80 e 100 %), mantendo a temperatura constante (25 ºC); no segundo, variou-se a temperatura (60, 70 e 80 ºC) e a humidade relativa manteve-se constante (50 %). No final, as folhas foram sujeitas a testes químicos (viscosidade e índice Kappa) e a testes físico-mecânicos (índice de tracção, alongamento e índice de rebentamento). Nas condições de envelhecimento simuladas, a exposição à radiação ultravioleta foi a que maior amarelecimento originou, efeito principalmente visível na pasta de papel reciclado. A aplica-ção da enzima (DENILITE IIS, mistura de Laccase, tampão e mediador) mostrou ser eficiente no retardar do envelhecimento em casos pontuais, nomeadamente na pasta de papel reciclado.
Introdução
A cor amarela no papel é considerada uma característica indesejável e o amarelecimento é muitas vezes visto como um dos primeiros sinais do envelhecimento e deterioração do papel. O amarelecimento do papel pode ser atribuído à presença de grupos cromóforos que se encontram em alguns produtos formados pela degradação de um ou mais componentes químicos do papel (Carter, 1996). Os cromóforos são grupos funcionais que conferem cor às substâncias por serem capazes de absorver radiação ultravioleta ou visível (Danilas, 1988).
O papel é um interlaçado de fibras, constituído quimicamente por celulose, hemiceluloses, lenhina e materiais estranhos à madeira, como aditivos, cola, gomas e pigmentos. A extensão da coloração do papel com a idade vai depender da percentagem dos seus constituintes. Assim, por exemplo, as pastas que contenham elevada quantidade de lenhina e hemiceluloses tendem a amarelecer mais rapidamente (Carter, 1996).
A coloração do papel é iniciada pela oxidação ou foto-oxidação, um processo que ocorre após a absorção da luz pelos grupos cromóforos dos componentes do papel (Durovié, 1993). Estas reacções podem formar novos grupos funcionais que se comportam como centros de absorção, aumentando assim o amarelecimento do papel (Carter, 1996). O mecanismo para o foto-amarelecimento de papéis contendo lenhina pode ser sumariamente descrito como se segue. O cromóforo primário de lenhina absorve perto da luz ultravioleta (300-400 nm); o efeito desta radiação é romper algumas ligações da lenhina e produzir radicais livres. Estes vão reagir com a lenhina originando radicais fenoxi e radicais cetil. Estes últimos quebram-se e formam novos radicais fenoxi e cetonas (que irão funcionar como cromóforos secundários). Os radicais fenoxi são oxidados pelo oxigénio atmosférico formando quinonas que funcionam também como cromóforos secundários. Estes podem absorver luz, e como tal, a foto-degradação da lenhina e o amarelecimento do papel continuam (Carter, 1996). A investigação centra-se actualmente na inibição do amarelecimento do papel em pastas de alto rendimento