Author(s):
Fabião, António
; Carneiro, Marta
; Lousã, Mário
; Madeira, Manuel
Date: 2007
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10400.5/1309
Origin: Repositório da UTL
Subject(s): eucalipto; eucalyptus; impacto ambiental; biodiversidade; vegetação; coberto arboreo
Description
As plantações de Eucalyptus globulus têm sido frequentemente apontadas como tendo menor diversidade de espécies vegetais sob o coberto arbóreo do que outros tipos de povoamentos florestais, ou outras modalidades de ocupação do solo (Rosa et al., 1986; Bernaldéz et al., 1989; Alves et al., 1990). A interpretação do facto não é consensual: menos espécies presentes não significa necessariamente decréscimo de biodiversidade, pois esta não depende apenas do número de espécies que é possível inventariar, mas também da abundância relativa de cada espécie (Begon et al., 1996). Por outro lado, num povoamento florestal com as copas a tocarem‑se e a interpenetrarem‑se,
pode‑se considerar normal a rarefacção da vegetação sob coberto à medida
que as árvores crescem e ocupam o espaço aéreo e do solo, quer em consequência da sombra que projectam sobre a área que ocupam, quer devido à competição pela água e nutrientes por parte de um estrato arbóreo desenvolvido e espacialmente dominante,
quer ainda em resultado da acumulação de camadas orgânicas que impeçam o crescimento e o desenvolvimento daquela vegetação (Alves et al., 1990; Rackham, 1998; Moore & Allen, 1999). Também não é claro se a salvaguarda da diversidade biológica
implica optimizá‑la à escala do próprio povoamento, ou se, pelo contrário, aquele objectivo pode ser melhor atingido ao nível da paisagem, diversificando os tipos de utilização
do solo, com renúncia ao uso de práticas intensivas de cultura em parte da área adjacente àquela onde tais métodos tenham sido aplicados (Moore & Allen, 1999).
Além disso, a instalação de plantações florestais intensivas pressupõe com frequência a mobilização do solo antecedendo a plantação das árvores, com destruição
da vegetação espontânea e, eventualmente, incorporação dos seus resíduos
nas camadas superficiais do solo. Este sistema de instalação encontra justificação
na convicção, tecnicamente fundamentada, de que a competição pela água e nutrientes exercida por aquela vegetação sobre as árvores jovens não é desejável, especialmente quando ocorram condições de stress hídrico estival. Por outro lado, é também conveniente disponibilizar àquelas plantas um substrato suficientemente
descompactado para que não haja resistência mecânica ao alongamento das raízes (Alves, 1988; Nyland, 1996; Smith et al., 1997).