Author(s):
Ribeiro, Ana Heloísa da Silva
Date: 2010
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10400.6/853
Origin: Ubi Thesis - Conhecimento Online
Subject(s): Síndrome coronário agudo; Enfarte agudo do miocárdio; Síndrome coronário agudo - Proteína C reactiva; Síndrome coronário agudo - Leucócitos; Síndrome coronário agudo - Monócitos; Síndrome coronário agudo - Prognóstico
Description
Introdução e Objectivos: As doenças cardiovasculares constituem um problema de
saúde global. Torna-se assim de extrema importância identificar os doentes em risco de
ocorrência de eventos nefastos pós-Síndrome Coronário Agudo através de scores de
risco como o de GRACE e de marcadores de prognóstico, de que são exemplo a
contagem de leucócitos e níveis de PCR. Este trabalho tem como objectivo estudar os
valores da contagem de leucócitos e respectivas subpopulações na amostra e verificar se
há associação de valores elevados com maior mortalidade, maior duração de
internamento, níveis elevados de PCR e valores mais elevados no score de GRACE.
Metodologia: Este estudo retrospectivo – coorte – consistiu na análise dos doentes
admitidos na Unidade de Cuidados Intensivos do Centro Hospitalar Cova da Beira com
diagnóstico de Síndrome Coronário Agudo, desde o segundo semestre de 2007 ao
primeiro semestre de 2009. Para análise estatística dos resultados foram usados os
programas Microsoft Excel 2007 ® e SPSS 2007 ® ,versão 17.0, ambos para Windows,
tendo sido considerados como estatisticamente significativos os resultados com p <0.05.
Resultados: Na amostra (n=170), 52.9 % (n=90) dos pacientes apresentavam valores de
leucócitos totais normais e 47.1% (n=80) apresentavam contagem elevada de leucócitos,
tendo os últimos uma mediana de idade inferior à dos primeiros (66 vs 70 anos,
respectivamente, p=0.031). Doentes com contagem normal de leucócitos apresentam
uma maior frequência de hipertensão arterial, dislipidémia e doença isquémica prévia
(respectivamente, p=0.001, p=0.0002 e p=0.049), enquanto a presença de doença autoimune
é mais frequente nos doentes com contagem de leucócitos elevada (p=0.047). A
frequência de valores de PCR elevados (>0.75 mg/dL) está significativamente associada a contagem elevada de leucócitos comparativamente a valores normais (53.5% vs
35.1% com p=0.024), tal como acontece com uma mediana mais elevada de score de
GRACE intra-hospitalar (206 vs 185; p=0.005) e a 6 meses (176 vs. 155, p=0.013). Não
houve associação entre valor de contagem de leucócitos e duração do internamento.
Uma contagem elevada de leucócitos associou-se ainda a maior frequência de morte a
30 dias (22.5% vs 8.9%, p=0.014), sendo a mortalidade a 6 meses maior neste mesmo
grupo (p=0.036). Nos doentes com contagem elevada de monócitos constatou-se uma
mortalidade inferior comparativamente àqueles com contagem baixa (p=0.009).
Contagens elevada e normal de monócitos são factores protectores comparativamente à
contagem baixa (respectivamente, HR= 0.162, IC 95% 0.046-0.574, p=0.005 e
HR=0.187, IC95% 0.043-0.812, p=0.025), enquanto doentes com score de GRACE
≥212 apresentam risco superior de morte/re-enfarte relativamente àqueles com score
≤112 (HR=5.987, IC 95% 1.339-26.764, p=0.019). Um nível elevado de neutrófilos
face a um valor normal tem valor preditivo desses mesmos eventos independente do
score de GRACE (HR=2.204, IC95% 1.065-4.561, p=0.033).
Discussão e Conclusão: Constatou-se que valores elevados da contagem de leucócitos
se associam significativamente a uma mediana de idade inferior, a valores elevados de
PCR e de score de GRACE e maior frequência do evento morte. Níveis elevados de
neutrófilos têm valor preditivo de morte/re-enfarte enquanto, inversamente, doentes
com contagens elevadas de monócitos apresentaram melhor prognóstico.