Autor(es):
Pereira, Filipa Margarida Ferreira
Data: 2012
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.6/1159
Origem: Ubi Thesis - Conhecimento Online
Assunto(s): Cesariana; Cesariana - Causas; Cesariana - Taxas; Cesariana - Indicadores de qualidade
Descrição
Introdução: Segundo a OMS, um máximo de 15% dos partos tem indicação de cesariana e taxas superiores a essa são inadequadas. Contudo, nos últimos anos esta prática tem sido utilizada de forma crescente implicando, desta forma, uma carga financeira e riscos desnecessários, quer para a mãe quer para o feto, a curto e a longo prazo. Assim, é essencial investir na sua redução e vários países têm usado o decréscimo das taxas de CSA como indicador de qualidade dos serviços de saúde.
Objetivos: Aferir da concordância e discordância das indicações de CSA no serviço de Ginecologia e Obstetrícia do CHCB e principais determinantes das taxas deste procedimento, avaliar a qualidade dos registos clínicos, pretendendo contribuir para a sua melhoria e diminuir o número de CSA desnecessárias no respetivo serviço.
Métodos: Estudo retrospetivo, baseado na recolha de dados dos processos clínicos das parturientes que deram entrada no serviço de Obstetrícia do CHCB e que sofreram uma CSA como meio de parto, no período compreendido entre 1 de Janeiro de 2011 e 30 de Junho de 2011. Os dados recolhidos através do preenchimento de um protocolo de análise, foram posteriormente codificados e analisados estatisticamente recorrendo ao programa Microsoft Office Excel 2007®.
Resultados: No 1º semestre de 2011 ocorreram 55,7% de partos eutócicos, representando as cesarianas 31,6% do total. A amostra foi constituída por 100 mulheres, correspondendo a 103 partos. As parturientes tinham idades compreendidas entre os 17 e os 43 anos (média - 31,1 anos; desvio padrão - 5,78), 58 eram nulíparas e daquelas com um ou mais partos, 31 primíparas e 10 multíparas, 55% tiveram pelo menos um parto anterior por CSA. As indicações de CSA foram: estado fetal não tranquilizador (33,1%), apresentação anómala (15,4%), útero cicatricial (5,1%); IFP (8,1%); TP estacionário (16,2%); patologia materna que contraindica parto eutócico (3,7%), patologia grave própria da ou associada à gravidez (3,7%), falha na indução (9,6%), má colaboração materna (1,5%), 1 cesariana anterior (1,5%) e gravidez múltipla (1,5%). 1 processo não apresentava qualquer registo de indicação de CSA. 59,3% das cesarianas tiveram um diagnóstico confirmado no pós-operatório, ao passo que em 40,7% tal não ocorreu. Quanto às justificações dadas para realizar CSA, 64% estavam documentalmente justificados e em 35,3% o mesmo não se verificou.
Conclusão: A taxa de CSA no CHCB é muito superior ao limite recomendado pela OMS, mas inferior à taxa encontrada na maioria dos hospitais nacionais. As indicações que mais a motivaram foram: estado fetal não tranquilizador, TP estacionário, apresentação anómala, indução falhada e IFP. Estado fetal não tranquilizador, TP estacionário e IFP, foram aquelas onde se verificou existir mais discordância entre o pré e o pós-operatório. No CHCB os maiores determinantes para a taxa de CSA foram os partos induzidos e eletivos, com fetos em posição anómala (essencialmente pélvica) e CSA prévia. Gravidezes consideradas de baixo risco são responsáveis por uma proporção considerável dos partos.