Autor(es):
Martins, Sílvia Colmonero da Silva
Data: 2012
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.6/1112
Origem: Ubi Thesis - Conhecimento Online
Assunto(s): Artrite reumatóide - Avaliação clínica; Artrite reumatóide - Qualidade de vida; Fibromialgia - Avaliação clínica; Fibromialgia - Qualidade de vida
Descrição
Introdução: A Artrite Reumatoide (AR) e a Fibromialgia (FM) são doenças músculo-esqueléticas e estão entre as causas mais comuns de dor crónica e incapacidade. Apresentam etiopatogenia, clínica, orientação terapêutica e evolução díspares, mas ambas condicionam limitações nas atividades da vida diária e profissionais, deterioração da qualidade de vida e da autoperceção da saúde global, podendo associar-se a perturbações psicológicas que vão modular o quadro evolutivo. É portanto fundamental, avaliar estes doentes integralmente e não apenas do ponto de vista clínico e analítico. Assim, procedeu-se a uma avaliação clínica e psicológica de uma amostra de doentes com AR e FM, comparando-os, e estabelecendo-se as relações consideradas pertinentes entre as variáveis estudadas.
Métodos: De Outubro de 2011 a Março de 2012, foram aplicados 51 questionários a doentes com AR e FM. Recolheu-se informação sociodemográfica e aplicaram-se instrumentos de avaliação da incapacidade funcional (HAQ), qualidade de vida (SF-36), autoperceção da dor e avaliação global da doença pelo doente por Escala Visual Analógica, atividade da doença (DAS-28 4V- apenas na AR), e de perturbações psicológicas de ansiedade, depressão e stress (EADS-21). Foram solicitadas análises para excluir patologias concomitantes, passíveis de enviesar os resultados dos instrumentos, e ainda doseado o anti-CCP nas doentes com AR.
Resultados: As pacientes com FM apresentam maior autoperceção da dor, ansiedade, depressão e stress, e menor qualidade de vida (exceto na função física), comparativamente às doentes com AR. Não há diferenças estatisticamente significativas quanto à incapacidade funcional.
Nos dois grupos de doentes, maior ansiedade, depressão e stress correlacionam-se com maior incapacidade funcional e autoperceção da dor, e com menor qualidade de vida na maioria das suas dimensões.
Maior autoperceção da dor correlaciona-se com maior incapacidade funcional. Por sua vez, maior incapacidade funcional e autoperceção da dor correlacionam-se com menor qualidade de vida, na maioria das suas dimensões.
Nas doentes com AR, maior atividade da doença correlaciona-se com menor qualidade de vida apenas em termos de função física. Não há correlação da atividade da doença com as perturbações psicológicas e a incapacidade funcional. Doentes com anti-CCP positivo apresentam maior incapacidade funcional.
Conclusão: É fundamental uma avaliação holística e uma abordagem terapêutica multidisciplinar das doentes com FM e AR, de modo a assegurar cuidados de saúde abrangentes. É de salientar a importância de usar instrumentos de avaliação das perturbações psicológicas, da qualidade de vida, da auto-percepção da dor, da incapacidade funcional, e ainda da atividade da doença em doentes com AR, porque permitem compreender a perceção do doente sobre a sua doença e implementar estratégias terapêuticas mais adequadas.