Autor(es):
Rodrigues, Raquel Moreira
Data: 2011
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.6/1021
Origem: Ubi Thesis - Conhecimento Online
Assunto(s): Hemoglobina glicada; Leucoencefalopatia; Leucoariose - Factores de risco vascular; Hemoglobina glicada - Leucoencefalopatia - Tomografia computorizada
Descrição
Introdução: O termo leucoencefalopatia refere-se à desmielinização da substância branca cerebral, manifestando-se por lesões hipodensas na tomografia computorizada, conhecidas como leucoariose. É um achado frequente na neuroimagem de indivíduos idosos e parece estar fortemente associada a vários factores de risco vasculares. Na diabetes mellitus, em doentes com mau controlo, que apresentam um risco superior de doença vascular encontram-se muitas vezes níveis elevados de hemoglobina glicada. Este trabalho tem como objectivos averiguar a existência de correlação entre a leucoencefalopatia na tomogtafia computorizada com o nível de hemoglobina glicada e outros factores de risco vasculares, em doentes com acidente vascular cerebral isquémico ou acidente isquémico transitório, internados na Unidade de Acidentes Vasculares Cerebrais do Centro Hospitalar Cova da Beira EPE.
Métodos: Foi realizado um estudo de carácter retrospectivo no qual se incluíram os doentes internados na Unidade de Acidentes Vasculares Cerebrais durante 6 meses consecutivos. Os dados foram recolhidos através do suporte informático e dos processos clínicos. Para a classificação do grau de severidade da leucoariose na tomografia computorizada utilizou-se uma escala semi-quantitativa de 0 a 4. Procurou-se uma correlação entre a presença/grau de leucoariose e a hemoglobina glicada e outros factores de risco vasculares, tendo sido calculados os valores de odds ratio das variáveis significativas.
Resultados: Foram incluídos 135 indivíduos no estudo, tendo a prevalência de leucoariose sido de 56,30%. Não foi encontrada nenhuma correlação entre a leucoencefalopatia na tomografia computorizada e a hemoglobina glicada. No entanto, verificaram-se associações da leucoariose com a idade (p<0,001), hábitos tabágicos (p=0,020), glicose em jejum (p=0,032) e índices de pulsatibilidade (p<0,001) e resistência (p<0,001) das artérias cerebrais médias. Com análise multivariada, apenas a idade revelou uma relação independente e significativa com a presença e o grau de leucoariose (OR=1,148 IC 95% [1,019-1,293]) e OR=1,103 IC 95% [1,008-1,207], respectivamente).
Conclusão: A idade avançada é o predictor mais forte da leucoencefalopatia na tomografia computorizada. Não se conseguiu explicar com clareza a variabilidade da severidade das lesões hipodensas através da análise multivariada, o que sugere a existência de outros factores de risco ainda não identificados. O reconhecimento destes factores de risco seria importante, uma vez que o seu controlo poderia reduzir a taxa de progressão da leucoariose.