Author(s):
Santos, Sofia Aurora Rebelo
Date: 2013
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10400.1/3531
Origin: Sapientia - Universidade do Algarve
Subject(s): Educação social; Pobreza; Exclusão social; Política social; Rendimento mínimo; Ciganos
Description
Dissertação de mest., Educação Social, Escola Superior de Educação e Comunicação, Univ. do Algarve, 2013 Este trabalho constitui uma análise do modo como o Rendimento Social de Inserção (RSI) é percecionado pelos atores sociais ciganos. Constitui, assim, o resultado de um estudo etnográfico que envolveu beneficiários e técnicos sociais do concelho de Faro e teve como duplo objetivo conhecer a experiência da atribuição do RSI e perceber como é vivida a situação de subsidiariedade junto dos beneficiários ciganos, bem como o modo como estes vivem o princípio da Solidariedade Social. Pretendeu-se também conhecer como é entendida a atribuição do subsídio por parte dos técnicos, bem como analisar as reais possibilidades de inserção e saída do universo da pobreza da população alvo.
O Rendimento Social de Inserção (RSI) constitui uma prestação pecuniária mensal às famílias e indivíduos que vivam em situação de grave carência económica e que façam prova de determinadas condições de atribuição. Cabe aos beneficiários o cumprimento de um Programa de Inserção Social pré-estabelecido e que tem como objetivo romper o «ciclo vicioso da pobreza».
Os ciganos são uma categoria particularmente exposta a situações de pobreza e exclusão social e são constantemente acusados de «abusarem» dos subsídios sociais do Estado. Perante este cenário, uma grande parte da sociedade manifesta uma certa hostilidade relativamente a este grupo étnico, que resulta, em grande medida, dos ancestrais preconceitos de que são vítimas mas também de uma insatisfatória aplicação das políticas sociais.
Com a investigação que deu origem a esta dissertação revelaram-se algumas vivências dos beneficiários ciganos do Concelho de Faro em relação ao RSI. O contacto direto com os atores sociais contribuiu para se perceber como estes percecionam o apoio que lhes é atribuído pelo Estado, ao mesmo tempo que permitiu “dar” voz àqueles que com demasiada frequência são criticados e mesmo excluídos pela maioria. O trabalho de terreno permitiu observar e vivenciar as dinâmicas e os problemas de muitos ciganos habitantes do concelho de Faro.
Os ciganos são um grupo étnico que ainda permanece desconhecido para muitas pessoas, incluindo para os técnicos que trabalham com eles. O trabalho etnográfico permitiu interagir com este grupo por forma compreender a sua realidade, recolher testemunhos na primeira pessoa e, de certo modo, desenvolver a capacidade crítica dos próprios informadores.