Autor(es):
Medeiros, Nuno Ribeiro de
Data: 2006
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10362/8127
Origem: Repositório Institucional da UNL
Descrição
Assumindo-se que "não há uma leitura mas inúmeras espécies de leituras"
(Escarpit e Barker, 1973: 113), o sentido em que o vocábulo "leitura" é
desenvolvido no presente texto é o do seu exercício enquanto acto a que estão
associadas diferentes variáveis do foro social. Mais do que um comportamento
expresso pela idéia de hábito ou do que uma acção de descodificação cognitiva
de símbolos ou referenciais, o acto de ler é aqui entendido como uma prática -
traduzida num conjunto de modalidades de apropriação do discurso impresso
em papel ou fixado noutros suportes (Chartier, 1988, 1995, 1997; Furtado,
2000) e tomado público - portadora de usos e formas para indivíduos e gmpos.
Reconhecendo-se a dimensão discursiva como essencial na fecunda polissemia
do conceito, as próximas linhas não se ocuparão, todavia, da leitura
enquanto discurso, elemento ordenador da realidade e valor de troca no
comércio das idéias nos universos comunicacionais e representacionais.
Idéia que trilhou um caminho de integração na agenda das ciências
sociais, a leitura sedimentou uma posição cardinal nos esforços diligenciados
nos domínios de pesquisa e reflexão de áreas como a Sócio-Semiótica, os
Estudos Culturais, a História Cultural, a Sociologia das Práticas Culturais, a
Antropologia da Literatura, a História do Livro ou a Sociologia da Leitura.
Ponto de intersecção destes campos, o tema da leitura foi-se construindo
como um conceito central nas respectivas propostas de exame e experimentação
intelectual tanto como um pretexto legitimador das aspirações de credenciação
institucional dessas mesmas propostas.