Autor(es):
Matos, Patrícia
Data: 2006
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10362/8126
Origem: Repositório Institucional da UNL
Descrição
O texto aqui apresentado é produto de uma pesquisa' onde procurámos
analisar por um lado, a experiência da velhice no contexto de um Lar, e, por
outro, perceber como através da memória os residentes do Lar reconstroem a sua identidade, tendo em conta as particularidades do seu trajecto biográfico
e as condicionantes da situação presente.
Julganios que o conceito de experiência, cujo uso tem sido defendido na
antropologia contemporânea (Turner e Bruner: 1986; Hastrup: 1995; Kleinman:
1996; Kleinman e Kleinman:1997; Willis: 2000; Throop: 2003), possa
ser uma ferramenta importante na verificação compreensiva da articulação
entre memória e identidade. O conceito de experiência a que nos reportamos
está em sintonia com a definição proposta por Arthur Kleinman (1996) para
uma 'etnografia da experiência'. Segundo este autor, a experiência não é um
fenômeno subjectivo, antes um meio interpessoal de vivenciar as dinâmicas
sociais e culturais, constitutivas dos processos e práticas experienciados no
quotidiano (Kleinman, 1996: 97).
Kleinman (1996) também refere que a prática etnográfica permite apenas
aceder ao fluxo da experiência social em contextos limitados de espaço e
de tempo, em determinados 'mundos morais locais', a que chama os 'microcontextos
da experiência'. É o caso do contexto que foi analisado, o Lar.
Aqui, a vida quotidiana é gerida segundo a trajectória de cada sujeito no
espaço social e as especificidades culturais e históricas exercidas sobre esse
mesmo 'microcontexto da experiência'