Autor(es):
Duarte, Ana
Data: 2006
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10362/8125
Origem: Repositório Institucional da UNL
Descrição
Ainda no ano passado, os viajantes que percorriam de automóvel ou
autocarro, a estrada que, partindo da ponta da península de Tróia atravessa a
Herdade da Comporta, viam, a partir de certa altura, diversos sinais anunciando
um Museu do Arroz. Quem lá se dirigisse (e terão sido muitos, ao
longo dos últimos anos) encontrava, não uma instituição museológica mas
um afamado e caro restaurante especializado em pratos de arroz, peixe e
marisco.
Não se trata do único caso em que a palavra Museu aparece ligada a
uma unidade de restauração ou similar. Veja-se, só em Portugal, como caso
positivo, o exemplo de Silves, em que, na chamada Fábrica do Inglês, existe,
no quadro de um gigantesco espaço de restaurante, cervejaria e auditório
para espectáculos, absolutamente dominante, um sector efectivamente
musealizado com rigor, tanto que até recebeu um Prêmio Europeu (Micheletti)
para Museus de Arqueologia Industrial, embora no conceito do museu e,
em particular, no seu espaço expositivo, se privilegie a evolução tecnológica
do fabrico da cortiça e não tanto as memórias dos protagonistas.
Em contraste, o abusivamente chamado Museu do Pão, em Seia, não
passa de uma avantajada padaria/mercearia de qualidade, complementada
com um igualmente enorme restaurante, conjunto que ocupa mais de dois
terços de todo o complexo, em detrimento do que deveria ser a espacialização
de funções verdadeiramente museológicas.