Autor(es):
Ribeiro, Fernando
Data: 1998
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10362/7331
Origem: Repositório Institucional da UNL
Descrição
Quer seja espaço natural ou artificial, esta dimensão dinâmica de
aproximação e afastamento, prazer e dor instala-se no acto exacto e
exclusivo de sobrevivência. Porque a vida corre e com ela o espaço de
sobrevivência também. E o homem não resiste à condição desse
espaço de lucidez, por definição a fronteira. Acontece em si o momento
finito de existência, mas não deixa igualmente de desesperar, por
não saber se o infinito existe e é passível de ser desejado. A sua condição
de fronteira confunde-se com o desejo de existir e intervir e simultaneamente com a postura abúlica de não tomar qualquer partido, só
porque o real lhe aparece ininteligível.
Como espaço de fronteira que é, o homem personifica a contradição
entre o sentido e o acaso. Por mais que mergulhe e absorva o
real, o desespero, por não encontrar qualquer sentido, toma sempre a
dianteira. A lucidez sobrevém e o ódio contra o mundo instala-se. A
aparente existência de qualquer esperança decorre da dúvida permanente,
da interrogação constante que acomete contra o real. Porém, a
inexistência da esperança apenas parece e a postura de dúvida e interrogação
persistentes somente ilustram o reverso da medalha; se o sentido
não se impõe, um sentido nascerá.