Descrição
Acta Medica Portuguesa 2005; 18: 371-376 No âmbito do Primeiro Curso Livre de História Universal e de História da Arte, organizado
pelo Departamento de História da Medicina na Faculdade de Ciências Médicas de
Lisboa, foi interessante analisar e fotografar o conjunto de esculturas do século XVII
expostas no terraço de acesso aos jardins do Palácio dos Marqueses de Fronteira, em
Benfica, representando figuras da mitologia grega. O conjunto situado no topo do
terraço representa a lenda de Apolo e Mársias, tal como apresentada nas Metáforas de
Ovídeo, tendo-nos suscitado particular atenção a perfeição representativa da escultura
do fauno esfolado, em termos de Anatomia de superfície. Por análise de estudos
anatómicos prévios, como os de Leonardo da Vinci (cc.1510-1530) ou de Vesalius
(cc.1543), detectam-se diversas semelhanças representativas entre alguns dos
pormenores fotografados da escultura e os esboços desses primeiros grandes mestres
da Anatomia.
Aprofundámos o nosso trabalho analítico, procurando outras representações artísticas
de esfolados e verificando que se trata de um exercício frequente na arte renascentista
e neoclássica em geral, uma vez que os estudos de anatomia de superfície são
fundamentais à perfeição representativa do corpo humano. Outros textos, para além
das Metáforas de Ovídeo, têm servido de mote a estes trabalhos, como por exemplo as
descrições do martírio de S.Bartolomeu que terão inspirado o auto-retrato com que
Michelangelo Buonarroti assinou os frescos da Capela Sistina