Autor(es):
Vilhena, Carla Isabel Franco da Cruz Cardoso
Data: 2010
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10362/4414
Origem: Repositório Institucional da UNL
Assunto(s): educação para a maternidade; revistas de educação familiar; análise de discurso; peritos da infância
Descrição
Tese apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de
Doutor em Ciências da Educação, especialidade de Educação e Desenvolvimento. Uma das consequências da emergência de técnicas de governação da população,
inerentes ao projecto de modernidade, é a criação de dispositivos de educação para a
maternidade, cuja principal finalidade é a normalização das condutas maternais.
Concebidas como um dispositivo de educação maternal, as revistas de educação
familiar são utilizadas pelas elites sociais e políticas como veículos de disseminação dos
preceitos científicos de geração, criação e educação das crianças, e pelas mães, que
procuram encontrar, através da sua leitura, solução para as questões que surgem
quotidianamente no exercício da função maternal.
A caracterização e análise dos discursos publicados em revistas de educação
familiar, em dois períodos de tempo distintos, 1º Período: 1945 a 1958 e 2º Período:
1994 a 2007, constitui o grande objectivo desta tese. Optou-se por uma abordagem
metodológica de natureza qualitativa, a análise crítica do discurso, uma vez que se parte
do princípio de que a maternidade é uma realidade socialmente construída através dos
discursos produzidos por diferentes actores sociais.
Este estudo permitiu-nos verificar que os discursos sobre as concepções e as
práticas da maternidade são profundamente influenciados pelo contexto histórico em
que ocorrem, designadamente pelas condições sociais em que vivem mulheres e
crianças, assim como pelos desenvolvimentos nas ciências da infância, designadamente
na pediatra e na psicologia do desenvolvimento. Permitiu-nos ainda perceber que a mãe
é considerada, em ambos os períodos de tempo, a principal responsável pela criação e
educação das crianças, embora se verifique, no 2º Período: 1994 a 2007, um movimento
no sentido da co-responsabilização da mãe e do pai pela prestação quotidiana dos
cuidados aos filhos, ou seja, da coparentalidade.