Autor(es):
Valente, Mariana de Jesus Pedreira
Data: 1999
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10362/332
Origem: Repositório Institucional da UNL
Assunto(s): Energia; Construção histórica; Crítica; Ritmo educativo; Conservação; Degradação
Descrição
Tese de doutoramento em Ciêncas da Educação, área da Teoria Curricular e Ensino das Ciências A noção de energia tem, ao longo da sua história, ocupado um lugar charneira entre
movimentos antagonistas, nomeadamente entre representacionistas e expressionistas (na
história da pintura), entre energetistas e mecanicistas (na Física); tal como esta investigação
mostra.
No que diz respeito ao campo educativo ela encontra-se, também, no cerne de uma
contradição. Se considerarmos que o pensamento se torna interessante e estimulante, quando
começamos a estabelecer ligações, a energia, sendo exemplar a esse respeito, tem um valor
educativo importante - através dela, no século XIX, uniram-se diferentes mundos (fisico,
químico e biológico) culminando mais tarde com a união do mundo em geral; uniu-se o novo
e o velho; uniu-se o natural e o artificial. Por tudo isto, encontramos no conceito de energia
uma grande variedade de elementos que nos permitem, com sucesso, cultivar o gosto pelas
ideias e colocar em cena o poder e os limites do conhecimento científico. Ora, como resultado
de alguma investigação, no âmbito da Didáctica, têm emergido propostas de ensino-aprendizagem
que apontam para um decréscimo da importância curricular deste conceito,
dadas as dificuldades cognitivas associadas a sua aprendizagem. Foi através desta tensão
inicial que se desenvolveu a nossa problemática. Resolvemos esta contradição introduzindo a
ideia de ritmo educativo (Whitehead). Encarar o gesto educativo com base numa ideia de
ritmo parece-nos uma ideia unificadora importante e estimulante. Trata-se do ritmo criado
pela passagem por tês fases de qualquer gesto educativo: "o romance", "a precisão e "a
generalização" (sendo esta última uma forma de romance enriquecida pela precisão). O
"romance" e a "generalização" vivem da produção de sentidos, das emoções estéticas
derivadas das ligações que estabelecem. Estes dois aspectos do ritmo - geralmente ausentes
no ensino-aprendizagem das ciências - encontramo-los, hoje, nas novas teorias sobre
educação científica, quando se apela a introdução da narrativa no ensino das ciências
(Bruner). Esta investigação pretende mostrar como a construção histórica é um bom caminho
para a produção de narrativas pertinentes para a compreensão dos problemas em questão, e
estimulantes para o desenvolvimento da ligação ao conhecimento. Produzir alguns elementos
que possam contribuir para um ensino da Física verdadeiramente educativo, foi um objectivo
importante deste trabalho de investigação. Assim, a exploração de textos históricos e de textos
de historiadores da ciência esteve na base da prossecução do nosso objectivo.
A investigação histórica que desenvolvemos teve, também, o objectivo de nos ajudar a avaliar
alguns pontos de partida dos investigadores no âmbito da Didáctica da Física, através do
enquadramento dessas ideias que, por vezes, adquirem uma forma dogmática.
Tipo de Documento
Tese de Doutoramento
Idioma
Português
Orientador(es)
Ambrósio, Teresa; Pereira, Duarte Costa