Autor(es):
Calado, Rita Diogo de Almeida
Data: 2009
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10362/2566
Origem: Repositório Institucional da UNL
Descrição
Dissertação apresentada para a obtenção do Grau de Mestre em Genética Molecular e Biomedicina, pela Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências e Tecnologia A nível mundial, o VHC (Vírus da Hepatite C) afecta cerca de 170 milhões de pessoas
sendo uma das principais causas de cirrose e carcinoma hepatocelular. Nos países
desenvolvidos, a partilha de equipamento de injecção por Utilizadores de Drogas Injectáveis(UDIs) constitui o principal modo de transmissão do VHC. Estudos recentes demonstraram uma elevada prevalência do VHC nos UDIs da Europa Ocidental. Em Portugal, a
epidemiologia da infecção por VHC é largamente desconhecida, sobretudo no que respeita à distribuição dos genótipos e subtipos circulantes. Até à data, apenas cinco sequências portuguesas estão disponíveis nas bases de dados internacionais.
Entre Março de 2008 e Fevereiro de 2009, foram colhidas e testadas para a presença de
anticorpos anti-VHC 135 amostras de sangue provenientes de UDIs do Centro de
Atendimento a Toxicodependentes das Taipas em Lisboa. Para detectar a presença de
infecção activa, as amostras seropositivas para VHC foram sujeitas à extracção de RNA viral e posterior amplificação, por RT-PCR, da região 5´UTR. Sequências parciais das regiões codificantes C/E1 e NS5B foram amplificadas, sequenciadas e analisadas filogeneticamente para todas amostras com infecção activa.
A presença de anticorpos anti-VHC foi detectada em 82 (60,7%) indivíduos. Em 67
(81,7%) indivíduos seropositivos foi detectada a presença de RNA viral e obtidas as sequências nucleotídicas das regiões C/E1 e NS5B. A análise filogenética baseada nestas
regiões subgenómicas mostrou que as estirpes do VHC estudadas pertencem aos subtipos 1a
(49,2%), 1b (6,0%), 3a (22,4%), 4a (13,4%) e 4d (9,0%), não tendo sido detectados vírus
recombinantes. A predominância dos subtipos 1a e 3a, previamente descrita para os UDIs
europeus, foi confirmada neste estudo. Por outro lado, a recente introdução e a disseminação do genótipo 4, sugeridas pelas baixas distâncias genéticas entre estirpes virais e a elevada prevalência (22,4%) observadas, tem sido igualmente reportado entre UDIs de alguns países do Sul da Europa. O elevado número de casos de infecção por VHC em UDIs, a elevada
prevalência combinada dos genótipos 1 e 4 (77,6%) e o insucesso da resposta destes genótipos aos fármacos disponíveis, colocam Portugal perante um grave cenário de saúde pública.
Torna-se assim urgente a realização de mais estudos de epidemiologia molecular de carácter abrangente para uma melhor avaliação e controlo da epidemia por VHC em Portugal.