Autor(es):
Campos, Ana Isabel Teixeira de
Data: 2013
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10362/11935
Origem: Repositório Institucional da UNL
Assunto(s): Anarquismo; Arte; Arte anarquista; Casa das Histórias; Estética; Paula Rego
Descrição
Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de
Mestre em Filosofia, especialidade de - Estética Esta dissertação constitui um conjunto de reflexões sobre o tema filosófico do silêncio
no trabalho artístico de Paula Rego.
Partindo inicialmente da ideia de Wittgenstein, presente no final do Tractatus, que
conclui que a filosofia é silêncio, e que acaba por ser a alavanca para todo o seu
pensamento filosófico sobre a acção humana no mundo, e consequentemente sobre os
jogos de linguagem, procura-se mostrar até que ponto o silêncio na arte de Rego
representa aquilo que está aquém de qualquer código comunicacional.
Procura-se ainda mostrar de que forma o agente artístico, e Paula Rego, se coloca num
espaço-tempo aquém da linguagem, anulando o próprio sujeito criador e, numa atitude
de renúncia, em busca do silêncio, se aproxima tantas vezes da temática da morte, do
sonho ou da fábula que, em Rego, funcionam como uma espécie de máscara
nietzschiana, recorrente no seu discurso artístico.
Tem relevante importância averiguar ainda até que ponto a obra da artista e a sua
irreverência, numa atitude eminentemente profícua, fazem parte de uma necessidade de
posicionamento político, servindo essa função denunciadora que abarca memórias do
passado, reflectidas no Portugal presente.
Deste modo, quais são as ferramentas e mecanismos que permitem à artista deslocar-se
fora de qualquer linguagem e das próprias instituições do poder para empreender esta
revolução/revelação política? É desta forma que surge uma análise do sadismo e
masoquismo, presentes em Paula Rego, quer na sua iconografia, quer na própria atitude
da pintora, já que são a condição antropomórfica mais próxima do estado mais primitivo
da existência humana e, assim, da anulação do sujeito.
As três vertentes silenciosas encontradas na obra de Paula Rego são verdadeiramente
gritantes e poderosas e a sua obra é sem dúvida carregada de um silêncio ensurdecedor,
no sentido daquilo que se encontra aquém da linguagem e do que Wittgenstein conclui
sobre a filosofia, que deverá ser a missão principal da obra de arte.