Author(s):
Lacerda, Teresa
Date: 2006
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10362/11499
Origin: Repositório Institucional da UNL
Subject(s): Capitães das armadas; Estatuto social; Fidalgos da Casa Real; Sociedade portuguesa; Estrutura social; Séc. 15-16
Description
Dissertação de Mestrado em História e Arqueologia da Expansão e dos Descobrimentos Portugueses O nosso objecto de estudo – os capitães que comandaram as armadas da Índia
no reinado de D. Manuel I – tem propensão especial para a discussão da
memória, já que o nosso universo de análise é um conjunto de duzentos e catorze
indivíduos que viveram nos séculos XV e XVI, cujos percursos tiveram diversos
graus de importância, segundo o próprio julgamento da época e das posteriores,
deixando diferentes quantidades e qualidades de marcas. No nosso universo
convivem personalidades tão díspares como Vasco da Gama, Pedro Álvares
Cabral, D. Francisco de Almeida, Afonso de Albuquerque em oposição aos
desconhecidos Luís Pires, Antão Garcia, entre outros.
Deste grupo de homens, um chegou a ser vice-rei, outros governadores,
capitães de fortalezas, mercadores, mas houve aqueles que não chegaram a sair
do Tejo, ou que morreram no decurso da viagem sem abordar o Índico. Uma
dissertação de mestrado não pode reconstruir a vida de duzentos e catorze
indivíduos porque perderia o sentido analítico, para lá de ser tarefa impossível. A
memória de Vasco da Gama está povoada de suposições, de teorias, de reflexões,
tudo o que se consegue são verdades plausíveis, verdades que não são
necessariamente certas. Sobre o primeiro vice-rei da Índia desconhecem-se
pormenores como a data e o local do seu nascimento. Sobre Afonso de
Albuquerque só podemos suspeitar de uma grande cumplicidade com D. Manuel
I, mas não sabemos como se formou e cresceu.
Ao investigador de História cabe recolher e estudar fragmentos da memória e
como cientista procurar uma hipótese, delinear um método e ser o mais
verdadeiro possível com aquilo que conclui, mesmo que isso signifique admitir que a sua hipótese primordial estava errada. Todos sabemos que a objectividade
não é coisa possível, mas somos todos obrigados a tentá-la.