Author(s):
Torres, Rita Maria Tinoco da Silva
Date: 2011
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10773/7349
Origin: RIA - Repositório Institucional da Universidade de Aveiro
Subject(s): Biologia; Corças - Distribuição geográfica; População animal; Ecologia animal
Description
Understanding the spatial distribution of organisms is a central topic in ecology.
The European roe deer (Capreolus capreolus) population is in Portugal and
Norway at the southwestern and northern edge of its distribution, respectively.
Understanding the factors that act on these populations enlightens both local
aspects concerning their conservation and wider scale aspects of the species
bioclimatic envelope, which is crucial for being better able to predict the impacts
of environmental change. The main aim of this thesis was to evaluate roe deer
distribution in Portugal and Norway, two countries with contrasting landscapes,
seasonality and with different anthropogenic pressure. The interspecific
relationship with sympatric ungulates was also analysed. By using pellet group
counts, we investigated habitat use of roe deer, identifying the major
environmental descriptors, to understand the importance of forest structure,
vegetation characteristics, landscape structure and human disturbance on their
distribution. The analyses were based on presence – absence data and were
carried out at two spatial scales. The results showed that habitat use of roe
deer was different across countries. In Portugal, at the local scale, roe deer
distribution was positively associated with high density of shrubs, especially
heather and brambles, while the presence of red deer had a negative effect on
their distribution. At a broad scale, roe deer was negatively associated with
spatial heterogeneity, namely mean shape index and made less use of areas
close to agricultural fields. In Norway, at the local scale, roe deer made more
use of areas with high cover of deciduous trees and patches containing juniper
and Vaccinium sp.. At a broad scale, roe deer use patches near edges between
fields and forest. In both countries, roe deer make use of areas further away
from roads. While in Norway roe deer in both summer and winter are always
close to houses, in Portugal they are either far (summer) or indifferent (winter).
Anthropogenic disturbance is better tolerated in Norway, where the importance
of the critical season seems to be higher. Human disturbance may contribute to
roe deer habitat loss in Portugal, while roe deer are able to persist close to
humans in managed landscapes in Norway. In fact, some of the differences
observed could be more due to the indirect impacts of human exploitation (e.g.
presence of free-ranging dogs and hunting regulation) rather than the actual
human presence or land-use per se. I conclude that the methodology and tools
developed here are readily expandable to address similar questions in different
contexts. Wildlife management would benefit greatly from a more
holistic/integrative approach and that should include human aspects, as human
disturbance is expected to continue increasing. O conhecimento da distribuição das espécies é um tema central em Ecologia. O
corço Europeu (Capreolus capreolus) encontra em Portugal e na Noruega os
limites geográficos da sua ampla distribuição. A identificação de um envelope
bioclimático, através de técnicas que correlacionem a ocorrência de uma
espécie com factores ambientais, torna-se cada vez mais crucial para prever os
impactos das mudanças ambientais. Adicionalmente, fornece um conhecimento
essencial para a conservação e gestão da espécie e dos ecossistemas que
esta integra. Esta tese teve como objectivo investigar os principais factores que
afectam a distribuição do corço em ecossistemas contrastantes, em Portugal e
na Noruega. Usando o método de contagem de excrementos, correlacionaramse
os dados de presença – ausência desta espécie com uma série de factores
que potencialmente afectam a sua distribuição (estrutura da floresta,
características da vegetação, estrutura da paisagem e perturbação humana),
em diferentes escalas espaciais. Analisaram-se também as relações interespecíficas
com outras espécies de ungulados que partilham o mesmo habitat
(o veado em Portugal e o alce na Noruega). Os resultados mostram que o uso
do habitat do corço não é semelhante nos dois países. Em Portugal, a sua
distribuição está positivamente associada a zonas de grande densidade de
arbustos, especialmente urzes e arbustos espinhosos. A presença do veado
tem um efeito negativo sobre a sua distribuição. A uma escala mais ampla, a
distribuição do corço está negativamente associada com a heterogeneidade
espacial e positivamente associada com a distância a campos agrícolas. Na
Noruega, o corço usa preferencialmente áreas com elevada cobertura de
Juniperus sp. e Vaccinium sp. e também de árvores caducifólias. A uma escala
mais abrangente, o corço usa zonas de ecótono entre campos agrícolas e
florestas. Em ambos os países, o corço usa sempre áreas distantes das
estradas. Os factores antrópicos são percepcionados diferentemente pelo corço
nos dois países: enquanto usa áreas próximas de habitações na Noruega (no
Verão e Inverno), em Portugal encontra-se afastado (Verão) ou indiferente
(Inverno) a essas mesmas áreas. Os resultados sugerem que, na Noruega, o
corço parece ser mais tolerante à actividade humana do que em Portugal. De
facto, algumas das diferenças observadas podem dever-se maioritariamente
aos impactos indirectos induzidos pela acção humana (i.e. presença de cães
assilvestrados, regulamento de caça), e não à real presença humana ou uso da
terra per si. Este estudo sublinha a elevada plasticidade ecológica do corço e a
sua capacidade para responder a diferentes cenários ecológicos ao longo da
sua distribuição. Conclui-se que a metodologia e ferramentas desenvolvidas
neste trabalho são facilmente expansíveis para responder a questões
semelhantes em diferentes contextos. A gestão da vida selvagem certamente
beneficiará de uma abordagem mais holística e que deve incluir uma dimensão
humana, pois a perturbação humana certamente continuará a aumentar. Doutoramento em Biologia