Author(s):
Lopes, Ana Carina dos Santos
Date: 2010
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10773/4750
Origin: RIA - Repositório Institucional da Universidade de Aveiro
Subject(s): Ciências da educação; Morte; Tratamento paliativo; Luto
Description
Com este trabalho procurámos caracterizar e reflectir sobre a(s) forma(s) como é
vivenciada a morte e o cuidar da pessoa em fim de vida, entre os profissionais de
saúde em ambiente hospitalar.
Começamos por apresentar uma visão sintética das várias perspectivas culturais,
científicas e religiosas de encarar a morte, abordando as suas modificações ao longo
dos tempos. Focamos, depois, o cuidar na doença e na morte do doente, enfatizando
o seu impacto na pessoa, na família e nos próprios profissionais que cuidam.
Por fim, o estudo é complementado e enriquecido com as reflexões e opiniões de
profissionais de saúde muito qualificados.
Metodologicamente, trata-se de um estudo qualitativo de abordagem
fenomenológica, recorrendo à entrevista semi-estruturada de sete profissionais de
saúde experientes na matéria de cuidar de pessoas em fim de vida (dois médicos, dois
enfermeiros, um psiquiatra, um psicólogo e um padre).
Os participantes reflectem frequentemente sobre a inevitabilidade das suas mortes e
dos seus familiares, mostrando uma aceitação “natural” da mesma.
Mas no tocante aos cuidados, todos salientaram a importância de se acompanhar a
pessoa de forma a dar resposta a todas as dependências físicas, biológicas e
relacionais. Os sentimentos vivenciados ao cuidar de uma pessoa em fim de vida são a
felicidade, a realização pessoal, a curiosidade e o mistério. Estes sentimentos fazem
com que a pessoa seja tratada com solidariedade, proximidade e respeito na sua
aproximação à morte. Os sentimentos de tristeza, impotência, angústia, ansiedade,
revolta e distanciamento emocional estão associados à dificuldade em se lidar com
subjectividade e a individualidade da pessoa, com o cenário de sofrimento e com o
modo de organização de trabalho estabelecido pelas instituições de saúde.
As grandes necessidades situam-se ao nível do planeamento de intervenções
diferenciadas de apoio, de formação, de reconhecimento, de valorização e de
incremento de competências nos profissionais de saúde e na sociedade, de forma a
melhorar o cuidarem de doente em fim de vida.
Ao longo do nosso trabalho foi possível concluir que todos os profissionais de saúde
devem consciencializar-se de que, para a prestação de melhores cuidados, é
necessário o investimento na formação pré e pós-graduada, como na formação
contínua, que deverá ser feita em serviço. É ainda urgente a introdução da educação
para a morte, de forma transversal, desde o primeiro ciclo, com o intuito de integrar a
morte na formação de pessoas responsáveis e tolerantes. A nível organizacional, é
imperativa a revisão dos factores determinantes dos índices de produtividade, para
que sejam contemplados o tempo despendido e o modo como se cuida da pessoa
hospitalizada. A organização de trabalho deverá estar assente numa
multidisciplinaridade efectiva. Torna-se ainda necessário organizar melhor os cuidados
paliativos, criando mais unidades de internamento e domiciliárias estruturadas para a
prestação de cuidados em fim de vida, de forma a combater as carências actuais. With this study we’re trying to characterize and reflect about the way death is
experienced by health professionals at the hospital. And also how they take care of
people at the end of their lives.
We start by presenting a concise overview of the various perspectives to facing death
like cultural, scientific and religious, talking about their changes over time. After that
we focus the care in illness and in patients death, emphasizing its impact on the
person, family and health professionals.
To conclude, the study is complemented and enriched by the highly skilled health
professionals’ thoughts and opinions.
Methodologically, this is a qualitative study of the phenomenological approach, using
semi-structured interviews of seven health professionals experienced in the field of
caring for end-of-life (two doctors, two nurses, a psychiatrist, a psychologist and a
priest).
Participants often refer about their reflection to the inevitability of their deaths and
about the death of their relatives, accepting death as something “natural”.
But regarding the health care, all participants referred how is important to monitor
the person in order to meet all their physical, biological and relational dependencies.
The feelings experienced when caring for a person in the end of her life are happiness,
personal fulfillment, curiosity and mystery. These feelings make people to be treated
with sympathy, closeness and respect on their approach to death. Sadness,
helplessness, anxiety and anger are associated to difficulty in dealing with person’s
subjectivity and individuality, the suffering and the way work is organized has
established by health institutions.
The big needs are concentrated around the planning of the distinguished support
interventions, the training, the recognition, the value and the increasement of health
professionals competences and the society so the patient could receive the best
treatment
Throughout our work we concluded that all health professionals need to invest in post
graduate training in order to provide better care.
It is also important to educate people to face death since middle school with the
purpose to integrate it within people's life.
At the organizational level, it is important to review the productivity indicators so the
expendable time and the way people are treated can be considered. Work
organization should be based on an effective multidisciplinarity. Its yet necessary to
better organize the palliative care, creating more wards and home structures to
provide health care in dying patients, to fight the actual needs. Mestrado em Ciências da Educação - Formação Pessoal e Social