Author(s):
Araújo, Paula Cristina Ferreira
Date: 2010
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10773/4291
Origin: RIA - Repositório Institucional da Universidade de Aveiro
Subject(s): Gerontologia; Pessoas idosas; Vírus da Sida; Cuidados de saúde
Description
A prevalência de VIH/SIDA entre as pessoas adultas idosas tem-se
destacado na última década. No entanto, a investigação não tem dirigido a
sua atenção para esta população, muito menos para a sua família que
também é atingida pela condição de seropositividade da pessoa adulta
idosa. Com o intuito de avançar o conhecimento nesta área, este estudo
tem como objectivo conhecer a vivência de familiares de pessoas adultas
idosas. Neste sentido, foi utilizada uma abordagem qualitativa, com foco
no método da história oral. Participaram neste estudo quinze familiares de
pessoas com idade igual ou superior a 50 anos, com VIH/SIDA. Os dados
qualitativos foram recolhidos através de entrevista e registados em
gravação áudio, com a permissão dos(as) participantes. Os dados foram
categorizados com o apoio do programa de investigação qualitativa QSR
Nvivo e analisados com base no enquadramento teórico e em estudos da
literatura. Emergiram dos dados quatro categorias: VIH/SIDA na
dinâmica familiar do contágio ao medo da discriminação social;
VIH/SIDA e a dinâmica do relacionamento familiar; VIH/SIDA e a
dinâmica do cuidado familiar e necessidades e perspectivas futuras dos
familiares. Os(as) familiares caracterizaram a descoberta do diagnóstico
da pessoa adulta idosa como um momento marcante das suas vidas, que
tem de ser superado face às necessidades da pessoa adulta idosa. O
conhecimento da síndrome favoreceu o convívio com esta realidade e a
sua aceitação. Todos foram unânimes ao expressar o medo da
discriminação, pelo que a divulgação do diagnóstico ficou circunscrita a
um pequeno círculo, mesmo dentro da rede familiar. Ainda assim, foram
relatados episódios de discriminação, nomeadamente em contexto laboral.
O VIH/SIDA não foi um factor desagregador da relação entre o familiar e
a pessoa infectada, podendo até ter contribuído para a aproximação
familiar. Todavia, registaram-se relações mais conflituosas entre casais,
em que a seropositividade veio revelar a infidelidade de um dos membros.
O cuidado foi uma actividade prevalecente neste conjunto de familiares,
com uma associação entre o desempenho das actividades básicas de vida
diária e alguns níveis de sobrecarga. Com este estudo esperamos incitar a
realização de novas investigações direccionados aos familiares e às
pessoas adultas idosas. Além disso, procuramos sensibilizar os
profissionais e a sociedade em geral para a importância da família na vida
destas pessoas. The prevalence of HIV/AIDS amongst older adults has been highlighted
in the last decade. However, research has not directed its attention to this
population, much less for the family members that are also affected by the
health condition of elderly adult. In order to enlarge knowledge in this
area, this study aims to understand the experience of older adults’
families. In this sense, we used a qualitative approach, focusing on the
oral history method. The study included fifteen families of people aged
over 50 years with HIV/AIDS. Qualitative data were collected through
interviews and recorded on audio tape, with the permission of participants.
Data were classified with the support of the research qualitative program
QSR NVivo and analyzed based on the theoretical framework and in
previous studies. From the data four categories emerged: HIV/AIDS on
family dynamics from the contagion to the fear of social discrimination;
HIV/AIDS and the dynamics of family relationships; HIV/AIDS and the
dynamics of family care and the needs future prospects of family
members. The families characterized the discovery of the diagnosis of the
older adult as a remarkable moment in their lives, which must be
overcome to meet the older adult’s needs. The knowledge of the syndrome
favored living with this reality and its acceptance. All were unanimous in
expressing the fear of discrimination. This is the reason why the disclosure
of the diagnosis was limited to a small circle even within the family
network. Still, episodes of discrimination were reported, particularly in
workplace settings. HIV/AIDS was not a disruptive factor of the
relationship between the family and the person with the syndrome and
may even have contributed to the family approach. However, there were
more conflictual relations amongst couples on which the HIV status came
to reveal the infidelity of one member. Care has been a prevalent activity
in this set of families, with an association between the performance of
basic activities of daily life and some level felt of over burden. With this
study we hope to encourage new investigations directed at family
members and older adults. Furthermore, we intend to sensitize
professionals and society at large to the importance of family in the life of
people with HIV/AIDS. Mestrado em Gerontologia