Autor(es):
Mendes, Rosa Maria das Neves
Data: 2011
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10773/4161
Origem: RIA - Repositório Institucional da Universidade de Aveiro
Assunto(s): Traumatologia; Cognição; Avaliação
Descrição
O aumento da incidência de traumatismos crânio-encefálicos (TCE) a nível
internacional, tem vindo a fomentar o desenvolvimento de estudos neste
domínio. O presente estudo pretende determinar a deterioração cognitiva e o
estado depressivo em indivíduos com TCE ligeiro e sem TCE; analisar a deterioração
cognitiva e o estado depressivo nos indivíduos com TCE ligeiro e sem
TCE em relação ao sexo, idade, estado civil, residência e tipo de traumatismo;
analisar a relação entre a deterioração cognitiva e o estado depressivo dos
indivíduos com TCE e o tipo de traumatismo sofrido.
Através de um estudo comparativo, avaliamos uma amostra total de 40 indivíduos,
tendo o emparelhamento sido feito entre 2 grupos:
grupo clínico: 20 indivíduos com TCE ligeiro (entre 6 e 18 meses após
lesão) com idades compreendidas entre os 18 e os 65 anos;
grupo de controlo: 20 indivíduos sem ter tido TCE ou patologia
conducente a handicap psiquiátrico ou neurológico.
A deterioração cognitiva foi avaliada através do Mini Mental State Examination
(Folstein et al., 1975-versão portuguesa, adaptada por Guerreiro, 1993) que é
um teste constituído por seis grupos que avaliam o defeito cognitivo do sujeito.
Também foi utilizada a Bateria de Avaliação Neuropsicológica de Luria-
Nebraska / versão experimental portuguesa de Maia, Loureiro e Silva, 2002,
traduzida e adaptada de Golden, Hammeke e Purisch, 1979, que é uma bateria
que visa avaliar o funcionamento neuropsicológico de indivíduos com manifestações
neuropsicológicas. O estado depressivo foi avaliado através do
Inventário de Avaliação Clínica da Depressão-IACLIDE (Serra, 1994) que
mede a intensidade dos quadros clínicos depressivos, bem como uma ficha de
registo individual de dados biográficos e clínicos.
Os principais resultados são:
Os indivíduos do grupo clínico, ou seja, aqueles que sofreram TCE ligeiro evidenciam
maior deterioração cognitiva comparativamente com os que o não
sofreram. Aqueles indivíduos também evidenciam estados depressivos significativamente
mais graves do que os indivíduos que não sofreram aquele traumatismo.
O TCE ligeiro induz um aumento dos sintomas depressivos em termos biológicos,
cognitivos, inter-pessoais e desempenho de tarefas e tende a agravar os
níveis de depressão endógena e a causar perturbação na relação do indivíduo
consigo próprio;
O TCE ligeiro conduz a um aumento significativo da incapacidade dos indivíduos
para a vida geral, para o trabalho, para a vida social e para a vida familiar; Os indivíduos que sofreram TCE ligeiro evidenciam funções motoras, linguagem
expressiva e raciocínio aritmético mais perturbadas que os que o não
sofreram; O TCE ligeiro induz alterações neuropsicológicas que diminuem
significativamente a capacidade dos mesmos.
Os dados obtidos indicam, que os indivíduos que sofreram TCE do sexo feminino
evidenciaram alteração cognitiva mais acentuada do que os do sexo masculino;
os indivíduos mais velhos que sofreram TCE ligeiro, tendem a evidenciar
maior deterioração do estado cognitivo e avaliação neuropsicológica mais
baixa; verificamos também que no grupo clínico os indivíduos casados revelaram
pior estado neuropsicológico na escala da bateria referente à leitura;
os indivíduos que sofreram TCE ligeiro que residiam em aldeias evidenciam
níveis mais elevados de depressão do que aqueles que residiam em vilas; por
fim, os indivíduos que sofreram traumatismo aberto revelam maiores alterações
neuropsicológicas nas funções motoras e visuais, no ritmo e na aritmética
comparativamente com os outros. The increase of incidence of cranioencephalic trauma (CET) at international
level has been fostering the development of studies in this domain. The present
study aims at determining the cognitive deterioration and the depressive state
in individuals with mild cranioencephalic trauma and with no cranioencephalic
trauma, according to sex, age, marital status, place of residence and type of
trauma; and at analysing the connection between the cognitive deterioration
and the depressive state of the individuals with CET according to the type of
trauma they suffered.
By means of a comparative study, a total sample of 40 individuals will be
examined, the grouping was made in two groups:
Clinical group: 20 individuals with mild cranioencephalic trauma (6-18
months after injury), with ages ranging from 18-65 years old:
Control group: 20 individuals that had never suffered a cranioencephalic
trauma or pathology conducing to a psychiatric or neurologic handicap.
Cognitive deterioration was assessed through the Mini Mental State Examination
(Folstein et al., 1975, Portuguese version, adapted by Guerreiro, 1993)
which consists of a test composed by six groups that assess the individual’s
cognitive faults. Luria-Nebraska battery was also part of the study (the experimental
Portuguese version Maia, Loureiro e Silva, 2002, translated and
adapted from Golden, Hammeke and Purisch, 1979), a battery that aims at
evaluating the neuropsychological functioning of individuals with neuropsychological
manifestations. The depressive state was evaluated through the Inventory
of Clinical Evaluation of Depression-IACLIDE-(Vaz Serra, 1994) that
measures the intensity of the depressive clinical charts and also through the
individual registers of the biographic and clinical data.
The main results are:
- Individuals form the clinical group, that is the ones that suffer from a mild
cranioencephalic trauma, show greater cognitive deterioration in comparison to
the ones who hadn’t suffered a trauma. These individuals also reveal much
more serious depressive states than the ones who hadn’t suffered a trauma.
The mild cranioencephalic trauma induces an increase of depressive
symptoms in biological, cognitive, interpersonal terms and performance of
tasks and tends to worsen the levels of endogenous depression and to cause
disorders in the individual relation with himself; the mild cranioencephalic
trauma leads to a significant increase of the individual’s capacity to lead a
general life regarding work and his social and familiar lives; the individuals
suffering from a mild cranioencephalic trauma show more damaged motor
functions, such as expressive language and arithmetic reasoning, than the
others; the mild cranioencephalic trauma induces neuropsychological changes
that greatly diminish the individuals’ abilities.
The older individuals, among those who suffered the mild cranioencephalic
trauma, tend to show a greaterer deterioration of the cognitive state and a
lower neuropsychological evaluation; we have also verified that married individuals
showed worse neuropsychological states in the battery’s scale referring
to the reading skills; the individuals that suffered a cranioencephalic trauma
that resided at small villages showed higher depression levels than those who
lived in bigger villages;
The individuals that suffered open traumas show bigger neuropsychological
changes at motor and visual functions, at rhythm and arithmetic skills in comparison
to the others. Doutoramento em Ciências da Saúde