Autor(es):
Antunes, Ana Isabel Marques
Data: 2006
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10773/2700
Origem: RIA - Repositório Institucional da Universidade de Aveiro
Assunto(s): Ensino das ciências da terra; Ensino das ciências biológicas; Rochas granitoides
Descrição
A Zona de Ossa Morena (ZOM) é uma das grandes unidades geotectónicas da
Cintura Varisca Ibérica. É composta por rochas metamorfizadas de idades
precâmbrica e paleozóica, e por corpos de granitóides instalados
predominantemente durante a orogenia varisca, embora também se encontrem
testemunhos de magmatismo mais antigo. Em função da sua relação temporal
com os episódios mais importantes de deformação, os granitóides variscos são
habitualmente divididos em sin-tectónicos e tardi-pós-tectónicos.
Foram estudadas amostras de ortognaisses, correspondendo a granitóides
pré-variscos, de Portalegre e de Alcáçovas. Os primeiros são rochas
claramente peraluminosas, mas o seu carácter extremamente diferenciado não
permitiu definir a natureza dos magmas primitivos. O ortognaisse de
Alcáçovas, por seu turno, é fracamente peraluminoso e tem assinatura
tipicamente calco-alcalina, sugerindo que o seu protólito ígneo se relacionasse
com um processo orogénico ante-varisco (cadomiano?).
O plutonismo varisco sin-tectónico da ZOM é representado por corpos
intrusivos com composições desde as dos gabros às dos monzogranitos, com
predomínio dos tonalitos e granodioritos. São rochas essencialmente
metaluminosas - embora também com representação de composições
fracamente peraluminosas -, com assinatura macro e oligoelementar calcoalcalina,
característica de ambiente de margem continental activa. Numa
amostra do corpo intrusivo de São Manços, foi obtida uma idade Rb-Sr,
usando o par Fsp-Anf, de 315 Ma.
Os granitóides tardi-pós-tectónicos, quando comparados com os sintectónicos,
caracterizam-se por uma menor importância das litologias básicas
e maior abundância de termos graníticos. As rochas deste grupo são
predominantemente metaluminosas e fracamente peraluminosas, com uma
representação menor de composições nitidamente peraluminosas, e definem
uma associação calco-alcalina rica em K. A geoquímica oligoelementar sugere
uma relação com ambientes de arco continental maduro e de colisão. Foram
feitas datações RT-Minerais ou Mineral-Mineral de granitóides tardi-póstectónicos
de três intrusões, com os seguintes resultados: 306 Ma (Figueira de
Barros), 298 Ma (Reguengos) e 285 Ma (Nisa).
A geoquímica isotópica confirmou as afinidades de tipo-I das rochas
granitóides variscas, quer sin-tectónicas quer tardi-pós-tectónicas, e sugeriu
ainda que, nos processos de diversificação magmática em ambos os grupos,
terão intervindo processos de hibridização entre magmas mantélicos e
fundidos de anatexia infracrustal.
Os dados obtidos integram-se num conjunto amplo de evidências que sugerem
que a ZOM, durante a orogenia varisca, tenha evoluído como uma margem
continental activa.
ABSTRACT: The Ossa Morena Zone (OMZ) is one of the major tectonostratigraphic units of
the Iberian Variscan Belt. It is composed of folded, thrusted and
metamorphosed rocks of Precambrian and Palaeozoic age and abundant
intrusive bodies emplaced before and during the Variscan orogenic cycle.
According to their relationships with the main Variscan tectonic events, the
Variscan granitoids are generally subdivided into two groups: syn-tectonic and
late-post-tectonic.
The samples of pre-Variscan granitoids studied in this work are from two
different intrusions: the Portalegre orthogneisses and the Alcáçovas
orthogneisses. The former have extremely evolved compositions and a
distinctive peraluminous character. As a result of the highly differentiated
signature of these rocks, it was not possible to constrain the nature of their
precursor magmas. The Alcáçovas orthogneisses show, on the other hand,
slightly peraluminous compositions and a typical calc-alkaline signature,
suggesting that their igneous protholith was produced during a pre-Variscan
orogenic event (Cadomian?).
The syn-tectonic Variscan plutonism of the OMZ is represented by several
intrusive bodies with compositions ranging from gabbros to monzogranites. The
dominant lithological types are tonalites and granodiorites. The OMZ syntectonic
granitoids vary from metaluminous to slightly peraluminous and show
distinctive calc-alkaline affinities on major- and trace element variation
diagrams. Their geochemical characteristics are consistent with a tectonic
setting of active continental margin. The São Mansos granitoids yielded a Rb-
Sr mineral (K feldspar-Amphibole) age of 315 Ma.
Compared to their syn-tectonic equivalents, the late-post-tectonic granitoids are
characterized by a smaller abundance of basic lithologies and a predominance
of acid rock types. These granitoids range from metaluminous to slightly
peraluminous and exhibit high K calc-alkaline signatures, pointing to a
collisional geodynamic setting of mature magmatic arc. Whole-rock–mineral
and mineral-mineral Rb-Sr ages on three distinct intrusions yielded
emplacement ages of 305 Ma (Figueira de Barros), 298 Ma (Reguengos) and
285 Ma (Nisa).
The Sr-Nd isotopic compositions of both syn-tectonic and late-post-tectonic
granitoids support an I-type origin for these rocks and suggest that their
parental magmas could have been produced by mixing of anatectic crustal
melts with a juvenile mantle component.
Based on all the available petrographical, geochemical and isotopic evidence, it
is proposed that the OMZ behaved as an active continental margin during the
Variscan orogenic cycle. Mestrado em Ensino da Geologia e Biologia