Autor(es):
Nogueira, Paula Cristina Freitas Barbosa
Data: 2009
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/1822/9867
Origem: RepositóriUM - Universidade do Minho
Descrição
Dissertação de mestrado em Educação (área de especialização em Educação para a Saúde) Os homens e as mulheres apresentam particularidades de carácter biológico que incluem diferenças dos
pontos de vista genético, físico, hormonal e reprodutivo, supostamente invariáveis nas diferentes sociedades e
culturas. Contudo, as diferenças de género incluem uma grande variabilidade de características em função dos
padrões culturais, que condicionam os valores, as normas e os comportamentos atribuídos a homens e
mulheres, nomeadamente na saúde sexual e reprodutiva.
Neste sentido, este estudo analisa as implicações do género nas necessidades em educação para a saúde
sexual e reprodutiva (SSR) de utentes e enfermeiros/as das consultas de Planeamento Familiar (PF) e Saúde
Materna (SM). Com essa intenção, realizou-se um estudo de natureza qualitativa onde se aplicaram entrevistas
semi-estruturadas a duas amostras propositadas de utentes (n=12) e enfermeiros/as (n=6) das consultas de PF
e de SM, de um Centro de Saúde do Distrito de Braga. A primeira entrevista, centrou-se nas fontes de
informação sobre SSR; nos conhecimentos, atitudes, valores e comportamentos sobre o PF e vida em família e
na equidade de género nas consultas de PF e SM. A segunda, focada nos/as enfermeiros/as, investigou a
percepção sobre a sensibilidade ao género na sua formação e prática, bem como, nos aspectos estudados
nos/as utentes.
Verificou-se que havia mais homens a usar como fontes de informação a televisão, a Internet e as revistas
e mais mulheres a recorrerem às amigas, livros e família. Para a maior parte dos/as enfermeiros/as, a SSR,
principalmente a masculina, foi pouco trabalhada no Curso de Enfermagem. A maior parte dos/as utentes,
pensou prevenir a gravidez quando iniciou a actividade sexual, sem consulta médica prévia, embora os/as
enfermeiros/as tenham considerado essa consulta importante para educar o casal. Nos/as utentes,
contrariamente aos/às enfermeiros/as, não havia diferenças de género nos assuntos relacionados com a vida
sexual que tratam em casal. Face à dificuldade em engravidar, a maior parte dos/as utentes preferia a adopção,
e os/as enfermeiros/as pensavam que preferiam uma consulta médica. Na vida em casal, o apoio do homem foi
o aspecto mais valorizado pelos dois géneros. Contrariamente à maior parte dos/as utentes, os/as
enfermeiros/as consideraram que os homens associam a consulta de PF às mulheres. A maior parte dos/as
utentes, considerou indiferente o sexo do/a enfermeiro/a nas consultas de PF e SM, mas, para os/as
enfermeiros/as, as mulheres preferem ser atendidas por mulheres.
Destes resultados, emerge a necessidade de incluir a perspectiva de género nas consultas de PF e SM,
bem como, nos conteúdos do Curso de Enfermagem e na formação em serviço. Men and women present biological particularities which include genetic, physical, hormonal and reproductive
differences, considered invariable in different societies and cultures. However, gender differences
involve a great variety of characteristics in function of cultural patterns which condition values,
norms and behaviour attributed to men and women, namely in sex and reproductive health. In this sense,
this research aims to analyse the gender differences regarding the educational necessities of patients and
nurses in Family Planning (FP) and Maternal Health (MH) consultations, in order to promote equity in sex
and the reproductive health (SRH) of patients. Therefore, a qualitative study, applying semi-structured
interviews in two proposed samples of patients (n=12) and nurses (n=6) of FP and MH consultations of a
health centre in the Braga District, was developed. This study aimed to investigate the gender differences
in patients in their resources of information regarding SRH; knowledge, attitudes, values and behaviour
regarding FP and family life, and perceptions regarding gender equity in FP and MH consultations. In
relationship to the nurses, their perceptions regarding gender sensibility in their training and practice, and
the aspects studied in patients were investigated.
It was verified that more men used television, Internet and magazines as information resources than
women who resorted to friends, family and books with the same objective. For the majority of nurses SRH,
principally masculine SRH, was only developed on a small scale during their nursing course. The majority
of patients interviewed considered preventing pregnancy when initiating their sexual activity but without any
previous medical consultation, which was considered very important in the education of couples by nurses.
In patients, contrary to the perceptions of the nurses, there were no gender differences in sexual life
matters treated by couples. Regarding the difficulty in getting pregnant, the majority of patients, contrary to
the perceptions of the nurses, preferred adoption to requesting medical help. In the couple’s life, the
support of the husband was the most valorised aspect of the two genders. Women, as well as nurses,
attributed special importance to the participation of husbands in MH consultations. In contrary to the
majority of patients, nurses considered that men associate FP consultations for women only. The majority
of patients considered the gender factor of the nurse in FP and MH consultation indifferent, but for the
majority of nurses, women preferred to be attended by a woman.
From these results, the necessity to include gender perspectives in FP and MH consultations, as well
as, in the nursing courses and in in-service nurse training has emerged.