Autor(es):
Fidalgo, Joaquim
Data: 2005
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/1822/7448
Origem: RepositóriUM - Universidade do Minho
Assunto(s): Jornalismo; Jornalistas; Profissão; Informação
Descrição
Texto elaborado no contexto do projecto colectivo de investigação Mediascópio – Estudo sobre a reconfiguração do campo da comunicação e dos media em Portugal. Enredada, desde os primórdios da sua afirmação enquanto actividade autónoma e sócio-juridicamente legitimada, numa razoável teia de indefinições e ambiguidades, a profissão de jornalista tem assistido (como é bem patente no quinquénio 2000-2004) a um conjunto de mudanças que, aparentemente, não facilitam o desfazer dessa teia. Pelo contrário, novos elementos decorrentes sobretudo das evoluções tecnológicas, dos contextos político-económicos e das transformações sociais – designadamente as que se ligam com o aparente redesenhar da esfera pública tal como a conhecíamos – parecem vir reforçando essas indefinições e ambiguidades, o que dificulta a construção e afirmação (sempre inacabadas, é certo) de uma identidade profissional clara nos seus contornos, forte na sua coerência interna (“para si”) e especificamente reconhecida na sua relação externa (“para o outro”). Este grupo profissional tornou-se bastante mais numeroso em Portugal, sobretudo durante os anos 1990, por força do alargamento do mercado televisivo ao sector privado e pela explosão de projectos mediáticos especificamente on-line. Entre 1990 e 2001, o número de jornalistas com carteira profissional quase triplicou, passando de 2.347 para 6.230 profissionais. Em consequência, a pirâmide etária modificou-se um pouco a favor do grupo de jornalistas mais jovens, tendo-se também observado um aumento significativo da presença feminina na proporção jornalistas-mulheres / jornalistas-homens. Por outro lado, embora não haja dados oficiais sobre a quantidade de jornalistas no activo com formação académica de nível superior, e especializada, há indícios que apontam, como seria expectável, para o aumento desse tipo de profissionais. Este rápido alargamento do grupo profissional acarreta uma maior heterogeneidade que, associada à progressiva diversificação de suportes e de ofícios no campo dos media, pode implicar alguma redefinição da profissão de jornalista, em moldes que aqui e além já se intuem, dados os sinais detectáveis numa diversidade de planos.