Autor(es):
Mateus, Ricardo
; Bragança, L.
Data: 2004
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/1822/7333
Origem: RepositóriUM - Universidade do Minho
Assunto(s): Sustentabilidade; Avaliação; Soluções construtivas
Descrição
A Indústria da Construção, nomeadamente o sector dos edifícios, é um dos sectores económicos mais importantes na Europa. No entanto, continua a basear-se excessivamente em métodos de construção tradicionais e mão-de-obra não qualificada, sendo caracterizada pelo consumo excessivo de matérias-primas, de recursos energéticos não renováveis e pela excessiva produção de resíduos.
Globalmente, a construção de edifícios é responsável pelo consumo de 40% dos recursos
minerais (pedra, brita, areia, etc.), 25% da madeira, 40% da energia e 16% da água consumidos anualmente (Roodman, 1995). Em Portugal, apesar de existirem enviezamentos significativos entre os dados estatísticos e a realidade, estima-se que os
edifícios (habitação e serviços) durante a fase de utilização são responsáveis pelo consumo
de cerca de 20% dos recursos energéticos nacionais, 6,7% do consumo de água e pela
produção anual de 420 milhões de metros cúbicos de águas residuais (DGE, 2000 e INE,
2002). De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, a indústria da construção é
responsável pela produção anual de cerca de 7,5 milhões de toneladas de resíduos sólidos.
Esta realidade traduz-se em significativos impactes ambientais, sociais e económicos, com
grande potencialidade de virem a ser diminuídos.
A realidade actual é de todo incompatível com os desígnios do desenvolvimento sustentável,
nos quais se procura a convivência harmoniosa entre as dimensões ambiental, económica e
social, de modo a que as gerações do futuro tenham pelo menos as mesmas possibilidades
das gerações do presente em satisfazerem as suas necessidades (fig. 1).
Apesar da disponibilidade de técnicas comprovadas, os edifícios não estão, na sua maior
parte, a ser construídos ou renovados de uma forma sustentável. A Comissão Europeia
aponta como principal obstáculo a falta de interesse que este tema suscita aos construtores
e compradores, pois estes pensam incorrectamente que a construção é dispendiosa,
duvidando também da sua fiabilidade e desempenho a longo prazo (UE, 2004). Para inverter
esta situação a comissão europeia propõem, por um lado, a realização de acções para
salientar os benefícios da construção sustentável a longo prazo e, por outro, a revisão dos
códigos, normas e regulamentos na área da construção, através da incorporação de
preocupações associadas à sustentabilidade neste domínio. Com a promoção de tecnologias mais sustentáveis, e à semelhança do que vai acontecendo em países mais desenvolvidos onde a sustentabilidade é um dos aspectos mais relevantes na avaliação da qualidade global das construções, esta temática surgirá como uma maisvalia que potenciará a venda de produtos sustentáveis. Deste modo, poderão surgir no
mercado produtos que se auto-intitulem mais sustentáveis do que as soluções correntes,
numa lógica de potenciar as vendas. Tal implicará, a curto prazo, o desenvolvimento de uma
metodologia comum a nível europeu para a avaliação do desempenho geral dos edifícios e
construções em termos de sustentabilidade, incluindo o custo do seu ciclo de vida.
Neste trabalho aborda-se a temática da avaliação da sustentabilidade da construção e apresenta-se uma metodologia para a avaliação da sustentabilidade de soluções construtivas que será aplicada a alguns exemplos de soluções construtivas convencionais e não convencionais para paredes exteriores.