Author(s):
Cunha, Carla Alexandra Castro
Date: 2007
Persistent ID: http://hdl.handle.net/1822/7261
Origin: RepositóriUM - Universidade do Minho
Description
Dissertação de Mestrado em Psicologia -
Área de Conhecimento em Psicologia Clínica A preocupação de alguns autores com os diversos problemas conceptuais,
epistemológicos e ontológicos colocados à Psicologia actual, conduziu à procura de
novas soluções teóricas para os desafios da ciência psicológica. Neste âmbito
encontramos o Dialogismo, um movimento de contornos irregulares e com ramificações
nas mais diversas escolas de pensamento que tem vindo a ser recentemente utilizado
para repensar a Psicologia e o Ser Humano. O dialogismo parte da metáfora do diálogo
para conceber o ser humano (e os fenómenos humanos) como processos e produtos
relacionais e comunicacionais, assumindo que a existência humana é sempre uma
existência relacional. A subjectividade é instituída pela partilha e diferenciação com o
Outro, que permite a emergência e a experiência de um Eu. Um dos melhores exemplos
da aplicação do dialogismo à Psicologia encontra-se na Teoria do Self Dialógico,
desenvolvida nas últimas décadas por Hermans e colaboradores (e.g. Hermans, Kempen
& van Loon, 1992). Neste enquadramento, o self surge como processo e produto
dialógico resultante de uma polifonia de Posições do Eu, cada uma expressando uma
determinada narrativa identitária, a partir da sua perspectiva e de um posicionamento
específico de existência. O indivíduo surge, assim, como um autor poliposicionado,
constituído por múltiplas vozes em diálogo, apresentando e contrapondo diferentes
versões da realidade. No entanto, segundo alguns autores (cf. Valsiner, 2004a), a
questão crucial do self dialógico não será a reiteração da multiplicidade do self, mas sim
a tentativa de descrever como a estabilidade identitária é atingida de uma forma
dinâmica e relacional.
Este estudo procura atingir uma descrição desenvolvimental dos processos
dialógicos de auto-organização e mudança, procurando contribuir para a resposta a
velhos dilemas no questionamento filosófico e psicológico: Como mudamos? Como
permanecemos os mesmos? Com este intuito, foi desenvolvida de raiz uma metodologia
de Análise Microgenética Dialógico-Discursiva e foram realizados quatro estudos de
casos. Os resultados obtidos permitiram discernir diferentes trajectórias
desenvolvimentais e padrões de auto-organização específicos ao longo da Entrevista
Posições de Identidade, concebida para facilitar a mudança pessoal e adaptada para este
estudo. Some concerns with several conceptual, epistemological and ontological
problems that science faces at this time of historical development has lead to the search
of new theoretical solutions for the specific challenges facing psychological enquiry. In
this position we find Dialogism, a movement with ramifications in several schools of
thought that has been recently used to rethink Psychology and the Human Being.
Dialogism departs from dialogue as the metaphor to conceive human beings (and
human phenomena) as relational and communicational processes and products,
assuming that human existence is always a relational existence. Subjectivity is, then,
constituted by sharedness and differentiation with an Other, that allows for the
emergence and the experience of an I. One of the best examples of dialogism applied to
the psychological field is the Dialogical Self Theory, developed in the last decades by
Hermans and his collaborators (e.g. Hermans, Kempen & van Loon, 1992). In this
framework, the self is conceived of as a dialogical process and product, resulting from a
polyphony of I-positions, each expressing its own voice and self-narrative from a
specific point of view and spatial positioning in the landscape of the mind. Hence, the
individual appears as a polipositioned author, expressing several voices in dialogue,
presenting and contrasting different versions of reality. Some authors (cf. Valsiner,
2004a), however, state that the crucial feature of the dialogical self is not the reiteration
of the multiplicity of the self, but the attempt to describe how stability is attained and
maintained through relational dynamics between voices.
This study tries to achieve a developmental description of change and
organization processes of the dialogical self, attempting to contribute to solve the old
dilemmas in psychological and philosophical questioning: How do we change? How do
we remain the same? With this aim, a specific methodology was developed – The
Dialogic-Discursive Microgenetic Analysis – and four case-studies have been
investigated. The results show different developmental trajectories and specific selforganization
patterns along the Identity Positions Interview, conceived to facilitate
personal change and adapted to this study.